Aracy Duarte Ferrari Cadeira n° 16 - Patrono: José Mathias Bragion |
José Mathias Bragion, que também assinara J. Mathias Bragion, nascido em Piracicaba-SP em 1926, foi professor, contador, escritor, poeta, articulista, contista e cronista. Casou-se em 1956 com Maria Dalva Pretti Bragion, professora, e tiveram seis filhos. Faleceu em 1994.
Passou sua infância nas cidades de Rio claro e Bauru, retornando na adolescência para sua terra natal, onde iniciou seu envolvimento literário.
Fez seus estudos em Piracicaba na escola de comércio Cristóvão Colombo, curso de contabilidade. E, na escola Martha Watts, formou-se no curso de magistério em 1953, cursou administração escolar em Tietê-SP, anos 1960-1961. Em Campinas, na PUC, ingressou com brilhantismo no curso de Direito, 1964, mas não frequentou porque percebeu sua aptidão para letras. Desde cedo iniciou seus escritos (palavra usada por ele) escrevendo poesias, artigos, crônicas, contos.
Em 1953 lecionou nos municípios de Osvaldo Cruz, Ameliópilis, Igaratá e Jundiaí. Removeu-se para Piracicaba, exercendo sua profissão no então grupo escolar Barão do Rio Branco de 1962 a 1984, ano de sua aposentadoria.
Dedicou-se com profissionalismo em seu trabalho didático-pedagógico (professor) e no envolvimento com a literatura, com a qual se identificava. Ocupou a cadeira numero 80 da Academia Piracicabana de Letras. Publicou o livro “Revoadas” em 1993, de versos, quadras, sonetos e poesias.
Seus grandes incentivadores foram os familiares e amigos. O poeta de espírito nobre, alegre, honesto e dedicado a família, recebeu homenagens do Centro do Professorado Paulista, da Secretaria do Estado de Educação e póstuma do prof. Silvio Arzolla.
Extraído do livro “REVOADAS”:
“... Trato de poesias, por mim escritas há algumas décadas, outras ultimamente que ora dão formação ao presente exemplar, devido a persistente exigência de diletos amigos e, quiçá, de um número de simpáticos e generosos leitores... Em se tratando de idéias e pensamentos cujos objetivos são o de alcançar um agradável espairecimento, o que aconteceu com o autor, ao escrever, espera-se, agora, resulte o mesmo a quem o lê.
Os efeitos das substâncias materiais assimiladas por uma pessoa podem ser fracos, fortes ou indiferentes, o que nos induz a um paralelo no universo das expressões, mormente quando a composição abrange a variedade de temas, como a diversificação da forma no processo poético. Assim tudo depende em parte do estado anímico de cada pessoa.
O que se torna indispensável, parece-nos, a quem verseja, é que haja a existência da essência da poesia, porque esta exala sempre os eflúvios do amor...”
Entre muitos outros trabalhos não publicados estão Soneto - Poesia, o Lobo e o Mar, -Pseudo-Fábula - O passarinho impossível, a Cobaia e o Sapo, Conto - a Gaita do Zé Pretinho, 1979 coisas do magistério (Um Menino chamado Braz), Crônicas - Crônica de Natal, - Os Apelidos, 1972 - A Capa de Noé, - um bom papo, 1978 - Notas Românticas; - Feliz Ano Novo.
José Mathias Bragion, em suas produções, deixou fluir sua formação de professor- educador-literato.
Enriquecendo a Biografia, alguns escritos do meu Patrono:
CONFISSÃO
Às vezes no verão dos meus desejos, Mas, vês, meu coração, bom,sempiterno,
Liberto-me a voar virando a chama Em ser-te fiel, assim, sofre o castigo
Azul de um fogo fátuo que se inflama, De todas tentações do mundo hodierno.
Levando a solidão os meus lampejos.
Se penso em mais te amar, se não te vejo, E, ponho-me a cismar... se há um mal moderno,
Confesso-me fiel, pois quem me ama, Não devo ser modal, mas sempre antigo,
Exalta, sem parar, o que proclama, Porque, sem teu calor, sou gelo eterno.
Decerto, um grande Amor, em doido beijo.
(Tribuna Piracicabana, 25/10/1991)
SONETO
À cúpula celeste estrelada E sobre a claridade, consagrada
Aumenta-me a saudade feiticeira Do palor,virtude altaneira,
Que sonho ver à noite minha amada Sorri o nosso amor,estrela enamorada!
Que é da minha alma companheira.
No céu das emoções, tão adorada, Estrela sedução!..que, na jornada
Sorri-me sua graça, tão faceira Da vida, me ilumina a vida inteira,
Que vejo-lhe mais vida, comparada Sendo, por minha alma idolatrada.
À vida de uma estrela verdadeira.
(18/06/1950
REVOADA
Antes que o sol apareça,
Vou soltando uns pobres versos,
Vou soltando uns pobres versos,
Trazendo uma inovação, Para os espaços dispersos,
Antes que o bem aconteça, Sobrevoando a emoção,
Varrendo uma inquietação, Onde há sonhos diversos,
Antes que tudo se meça; No crepúsculo ou clarão,
Pela escala da aflição, Matutino, sem reversos.
Antes que tudo esmoreça, Voando longe do chão,
Entre o caos da solidão, Os sentimentos só são,
Antes que a luz se renasça, Lembrando cantos e ninhos,
Sob os vitrais da afeição, Meus queridos passarinhos,
No templo, que sofre e passa, Tão filhos do coração.
Da vida, em boa intenção,
* Nota do Editor: A presente homenagem deveria ter sido publicada no segundo número da nossa Revista, mas por lamentável falha nossa, deixou de sê-lo. Aqui a publicamos, com nossos pedidos de desculpas à autora e à família do homenageado.
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