Armando Alexandre dos Santos Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado |
Por outro lado, certas coisas populares, que nossas avós aprenderam com as avós delas, e que os cientistas reputavam crendices populares de gente inculta, às vezes a própria ciência descobre serem verdadeiras. O exemplo mais característico é o da famosa canja de galinha, que desde o século XVI, quando os portugueses se estabeleceram em Goa, na Índia, tem fama de ser boa para doentes com gripes e resfriados. Isso todos nós ouvimos das nossas avós. Agora, descobriram que a combinação de gordura de galinha com amido de arroz produz uma substância que abaixa a febre, aumenta a resistência orgânica, alimenta sem sobrecarregar demais o sistema digestivo etc. Em resumo, é ótima para gripados e resfriados. Exatamente como nossas avós já sabiam...
A fitoterapia foi, durante muitas décadas, zombada, ridicularizada por médicos de inspiração positivista. Agora, é revalorizada. Ouvi uma conferência interessantíssima, de um pesquisador da Embrapa, Prof. Evaristo Eduardo de Miranda, sobre o potencial fitoterápico da Amazônia. Ele contou um caso muito curioso, de uma índia que apareceu num posto médico, com a filha, menina de dois anos, com o rostinho inteiramente queimado. A cabana incendiara e a menina ficara com o rosto todo queimado. O médico tratou a menina como foi possível, aliviou a sua dor, medicou-a. Ao cabo de 10 dias, a menina estava fora de perigo mas, segundo o médico, ficaria com o rosto deformado para sempre, porque a Medicina não tem a capacidade de restaurar a pele e os tecidos nervosos subcutâneos destruídos pelo fogo. Mas recomendou que, apenas como medida de acompanhamento, um ano depois a menina fosse levada de volta ao posto médico.
Um ano depois, a índia retornou com a menina, já maiorzinha, e com o rostinho liso e inteiramente normal. O médico não queria inicialmente acreditar que fosse a mesma menina, disse que era impossível. Mas a índia explicou que a menina tinha sido tratada pela avó, com um emplastro de umas folhas que ela conhecia e que a pele tinha sido restaurada. O médico perguntou que folhas eram.
- Isso não sei, respondeu a índia, minha mãe é que conhecia, e ela morreu há 6 meses.
O médico fez um relatório completo do caso e numerosos laboratórios internacionais se puseram a pesquisar sistematicamente toda a vegetação num raio de 10 km em torno da aldeia indígena. Estão gastando milhões de dólares na pesquisa, analisando e tentando sintetizar milhares de vegetais diferentes. Quando um dos laboratórios, afinal, descobrir, patenteará um medicamento e ganhará bilhões. É assim que as coisas funcionam...
No meu modo de entender, o que falta ao gênero humano é humildade. A ciência é importantíssima, sem a menor dúvida, mas não pode "brincar de Deus", mexendo imprudentemente com certas forças da natureza que estão acima de nossa capacidade de controle e até mesmo de nossa compreensão. Por exemplo, a energia atômica. Por mais que possa ser utilmente aplicada, considero altamente imprudente sua utilização. Posso ser tachado de obscurantista, mas, sinceramente, preferiria viver num mundo em que os físicos não conhecessem a estrutura do átomo, mas no qual também não houvesse bombas atômicas, vazamentos de usinas nucleares, manipulações genéticas perigosíssimas etc. etc.
Esse é o meu modo de pensar. Respeito, claro, quem pense de outra forma.
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