Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 Patrono: Fernando Ferraz de Arruda |
Palavra que
vem do sânscrito, o contrário de violência, ahimsa é a não-violência. Mahatma
Gandhi tornou-se célebre por colocar na prática essa filosofia.
A base desse
pensamento é não praticar nenhum ato que envolva violência contra qualquer
criatura vivente, seja ela humana ou animal.
Muito já
escrevi sobre maus-tratos aos bichos, histórias engraçadas envolvendo animais,
outras tristes, já abordei assuntos polêmicos sobre a existência de alma neles,
já polemizei sobre o vegetarianismo, que é uma opção salutar de quem se recusa
a fazer uso da carne em sua alimentação, e também descrevi minhas experiências
no trabalho voluntário na Sociedade
Piracicabana de Proteção aos Animais.
Já fui
enaltecida e parabenizada, mas também muito criticada e contestada. Mas não
pretendo abandonar as convicções que trago enraizadas fortemente comigo.
A todo momento
a mídia nos mostra exemplos da incapacidade humana de praticar ahimsa. Animais de circo são explorados e
adestrados sob tortura, cobaias são vítimas, em nome da ciência, de
experimentos dolorosos em laboratórios. Rodeios, touradas, rinhas de galos e de
cães multiplicam-se para que alguns se enriqueçam com esses circos de horrores.
Rituais macabros são realizados em certos cultos religiosos que usam sangue de
animais e imolam inocentes criaturas. Caçadores e pescadores fazem da morte um
esporte. Animais silvestres são capturados para prover o tráfico ilegal.
Pássaros são aprisionados em minúsculas gaiolas, cavalos puxam carroças sem o
mínimo conforto, muitas vezes levando peso muito além de sua capacidade, sendo
chicoteados violentamente.
Para abastecer
o mercado de peles e da vaidade humana, milhares de animais são mortos de
maneira impiedosa. Filhotes de focas são abatidos a pauladas sob as vistas de
suas desesperadas mães, outros são presos em armadilhas cruéis e depois
afogados para não estragar a pelagem ou são executados por descarga elétrica
que causa parada cardíaca. Alguns recobram a consciência enquanto ainda estão
sendo esfolados. Por que o uso de peles é considerado chique? Como pode a
violência ser elegante?
Outra morte cruel é reservada às baleias. Um
poderoso arpão é cravado em sua carne, e em seguida, explosivos são acionados
dentro dela. As baleias levam horas para morrer e ficam agonizando enquanto os barcos
de pesca as arrastam deixando um rastro de sangue. Quando mães são arpoadas, os
filhotes ficam perseguindo os barcos e ouve-se de longe seu grito de desespero
ou o lamento choroso das mães ao verem os filhotes mortos.
Nos abatedouros o cenário de horrores é dantesco e
indescritível. E o homem se diz um ser racional, inteligente e criado à imagem
e semelhança de Deus. Também se auto-intitula um ser de paz. Quanta ironia!
A proteção aos animais não deve ser restrita apenas
aos cães e gatos e sim se estender a todas as criaturas que dividem conosco o
planeta Terra.
Encerro com a
sábia citação de Pitágoras: “Enquanto os homens continuarem a ser
destruidores impiedosos dos seres animados dos planos inferiores, não
conhecerão a saúde e nem a paz. Enquanto massacrarem os animais, eles se
matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode
colher a alegria e o amor”.
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