Cássio Camilo Almeida de Negri Cadeira n° 20 - Patrono: Benedicto Evangelista da Costa |
O quintal da casa continuava em um bosque, igual àqueles que existem na
imaginação das crianças.
Grossas árvores centenárias coloriam de verde a paisagem. O chão,
forrado por grossa camada de folhas secas e em decomposição, pincelavam o local
com nuances que iam do amarelo ao avermelhado.
A cada passo dado seu amassar ecoava singela melodia junto com
agradável odor de musgo úmido.
Raios de sol por entre as árvores espaçadas se desenhavam ao
refletirem-se nas gotículas de vapor e pólen suspensas no ar.
Um ou outro pássaro quebrava o silencio com seu cantar, convidando ao
descanso do corpo e elevação do espírito.
Então, no pé da arvore, a terra começa a fender. Racha, e de dentro
dela começa a sair horrendo ser escuro, parecendo asqueroso verme, com pernas
angulosas e peludas e com espécie de gancho nas pontas .
Após um longo sono de dezessete anos, aquele monstro acorda. Ninguém
sabe o que o despertou. Da terra mater, surgem aos milhares, milhões,
incontáveis.
Com suas patas em gancho, vão subindo pelos troncos arbóreos quando
desce o véu da noite negra.
Iluminados pela lua cheia, forram os troncos das árvores, como um
horrendo exército de monstros. Param,
agarrados em diversas alturas das plantas .
Em dado momento, seus dorsos se partem, numa metamorfose fantasmagórica
ao luar. Dali emergem seres alados, com suas asas transparentes e rendilhadas,
parecendo feitas de papel de seda.
No dia seguinte, um verdadeiro concerto musical ecoa pelo bosque.
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