Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 Patrono: Fernando Ferraz de Arruda |
Erros, erratas, revisores, um
assunto que sempre vem à baila nas reuniões literárias. Para um escritor,
constatar um erro numa publicação, quer seja de digitação, descuido ou falta de
revisão, é motivo de muita angústia, já que um deslize publicado é praticamente
impossível de consertar. Mesmo que erratas sejam providenciadas posteriormente,
nem todos as leem, e o erro perpetua-se quando impresso em livros com centenas
ou milhares de tiragens.
Há anos coleciono recortes de
jornais, revistas e outras publicações com erros de todo tipo, até em textos de
autores consagrados e famosos, e dos mais conceituados jornais como o Estadão e
a Folha.
Antigamente o serviço de um revisor era
de primordial importância e os deslizes, imperdoáveis. Já hoje, com o corretor
de texto do Word - nem sempre confiável - e com a ajuda de programas instalados
para esse fim, tornou-se dispensável o trabalho do revisor.
Nas redes sociais a rapidez da
digitação faz com que as pessoas abreviem ao máximo as palavras, e surge uma
nova linguagem, totalmente deturpada e indigerível para quem gosta de um texto
bem elaborado.
Para os poetas, erros em poemas são
um martírio, pois podem mudar completamente o sentido de um verso.
Lembro-me de um poema meu que foi publicado
com um erro de quem o digitou. Uma simples inversão de letras, e saiu “olhos da
lama”, quando o correto seria “olhos da alma”. Foi um desastre porque mudou
totalmente o sentido da poesia. Fiquei mortificada.
Desastre maior aconteceu quando faleceu
a grande poetisa piracicabana, Maria Cecília Bonachella, e a página que ela
coordenava teve edição especial em sua homenagem com poemas dos inúmeros amigos
poetas. Por uma falha, até hoje não sei por qual razão, todas as palavras
acentuadas desapareceram. O resultado foi catastrófico. Ninguém se conformava.
Um amigo poeta, que compôs um poema especialmente para a data, me ligou logo
pela manhã, assim que leu o jornal, dizendo: “não sei se rio ou se choro!”. O
poema dele tinha o título “Poetando no céu”. Retirem a letra acentuada para
terem a real dimensão da tragédia...
Outros poemas tinham títulos como “O vôo
da poetisa” e saiu publicado “O vo da poetisa”. No dia seguinte republicaram a
coluna, desculpando-se com uma pequena errata, mas a tragédia já tinha se
consumado e ninguém nunca se esqueceu do episódio.
Erratas à parte, sei que eu erro, tu
erras, ele erra, nós erramos, vós errais e eles também erram. É claro que todo
mundo tem o direito de cometer um vacilo, pois somos humanos e falíveis. Mas
depois deste artigo, tenho a alma (e não a lama!) lavada.
E que atire a primeira pedra quem nunca
cometeu um só deslize no manejo da nossa “última flor do Lácio inculta e bela”.
E viva Bilac!
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