André Bueno Oliveira
Cadeira n° 14 - Patrona: Branca Motta de Toledo Sachs
Linda mangueira de
infância!
Nascida em zona
rural,
– na colônia da
Fazenda –
compartilhava comigo
um saudoso caipirismo
de uma vida
campesina.
Além de mangas
maduras,
me dava um rude
balanço
feito em cordas de
sisal.
Com a aragem
moderada,
seu perfume, na
florada,
atraía beija-flores,
bem como orquestra de
abelhas
e o matiz das
borboletas.
A mangueira
envelheceu...
Quando morta, foi
cortada!
A colônia demolida,
deu lugar aos
canaviais!
Hoje vivo na cidade,
numa casa pequenina,
com quintal menor
ainda,
onde tenho um pé de
fruta
de sabor bem
agridoce...
Se assemelha, sim, à
manga, (?)
tão somente pela
rima.
Minha linda
pitangueira
que sombreia meu quintal,
oferta rubras
pitangas
aos sabiás,
bem-te-vis,
aos sanhaços, aos
puvis,
e traz de volta as
abelhas,
as mesmas de minha infância,
que orquestravam
sinfonias,
com o aval das
borboletas,
sob o olhar dos
colibris.
Só não traz o meu
balanço,
aquele em corda-sisal
que ainda embala
saudades.
Mas...o destino
sapeca
que sutilmente
ironiza,
se não resolve, contorna.
Ganhei no “bingo da
Igreja”
uma prenda benfazeja,
que estimula meu
astral:
um balanço de
madeira,
muito chique, por
sinal,
feito em cedro e
cerejeira.
Uma pomposa cadeira:
a Cadeira de Balanço!
Debaixo da
pitangueira,
balançando na cadeira
com pensamento na
infância,
mentalizo outro
Balanço:
checando Ativo e Passivo,
ceifando Lucros e
Perdas,
tenho um Saldo
Positivo.
Olhos fechados, eu
vejo,
que apesar do velho
corpo
já cansado e sem
pujança,
meu espírito é
criança.
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