Tem o olhar da mãe
andarilha, a qual, estendendo as mãos suplica uma esmola. É sem luz, tal qual
um toco de vela apagado.
Tem o olhar do menino de rua,
luzindo intensamente ao ver aquela bicicleta no stand da agência de carros,
motos e bicicletas.
Tem o olhar de medo, da mulher espancada pelo
marido, que lembra ventanias a açoitar telhados na noite escura.
Tem o olhar do velhinho carente, implorando em
silêncio, palavras ou pequenos carinhos, que o reconfortem na solidão.
Tem o olhar avermelhado e turvo,
com pupilas dilatadas do adolescente, que assalta transeuntes nas ruas e lojas,
por causa dos malditos papelotes de drogas.
Tem o olhar da menina,
precoce-mãezinha que reflete imaturidade, medo do futuro incerto.
Felizmente, entre esse olhares tristes e
desalentadores, há o daquela senhora abnegada, a espargir mansidão e ternura
aos que encontra pelo caminho, pessoas,
plantas, animais.. Assemelha-se ao olhar do jovem nazareno que viveu há mais de
dois mil anos, com seu amor para com todos os homens, a paz a transbordar do
seu jovem coração.
E o que dizer do olhar dos
jovens eternamente enamorados? Existirá olhar mais lindo? Lembra o sol que
surge após vários dias chuvosos. São olhares límpidos e podem até se espelhar
neles. Mesmo na ausência de palavras, eles bastam, para fazer os corações
vibrarem em uníssono. Essa linguagem muda é mais eloquente, pois faz o universo
inteiro fluir na mais perfeita sintonia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário