Lino Vitti Cadeira n° 37 - Patrono: Sebastião Ferraz
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Carnaval vem, Carnaval vai. A vida passa, nascem e morrem novos seres
humanos, sucedem-se governos, mudam-se os legislativos, as nações fazem guerras
e assinam a Paz, os astros prosseguem em suas órbitas celestiais, casa-se e
divorcia-se, as gerações de acendem e se apagam, tudo porque é razão do tempo,
tudo porque está traçado pelos desígnios da vida. Só Deus não muda.
E se Deus é imutável, imutáveis são seus mandamentos. Imutável é a
moral, imutável é o pecado, imutável é a recompensa do Céu, imutável o castigo
do Inferno.
O pecado, isto é, a transgressão ou desobediência aos mandamentos
divinos, tem o mesmo conceito estabelecido desde o Éden, refugado por nossos
primeiros pais, até hoje. É sempre ofensa grave a Deus, repudiada pela Fé,
pelas religiões, pelas Igrejas, pelos homens e mulheres de Bem. Nunca por
qualquer coisa ou causa humanas, a coisa e a causa divinas poderão ser
colocadas por baixo daquelas, poderão servir de justificativa para se ignorar a
moral, ignorar o bom, ignorar a criatura as determinações eternas do Criador.
O Carnaval, embora não se insira como pecado, é, contudo, uma grande
ocasião de pecado. Em seu nome e por seu motivo, praticam-se as maiores
infrações à Lei de Deus, entre as quais pontificam as provenientes do sexo, da
luxúria, da carne, como o próprio nome indica: Carne... val: exaltação da
carne.
Ninguém ignora que durante os três dias de enaltecimento à parte carnal
do ente homem, os instintos (de modo mais intenso e representativo, os sexuais)
são acirrados, usados e abusados por qualquer dos sexos humanos, masculino ou
feminino. Concorrem assim para o pecado do desvirginamento, da traição conjugal
e, de modo especial, da gravidez precoce ou não desejada, resultados estes que,
embora de consequências irrefutáveis, não são bem recebidos pela turbamulta que
forma as legiões carnavalescas, quer disfilando pelas ruas, quer acoitadas no
recesso dos salões ou na expansão das praias. E aí, como âncora salvadora,
inventou-se o uso do condom, com a desculpa primeira de que é para evitar doenças
venéreas, mas é fácil se acreditar que é para se resguardarem: a mulher, de uma
gravidez extraconjugal; o homem, de uma paternidade fora de casa, denunciadora
de um relacionamento pecaminoso e
condenável.
Dito isto, vamos ao que denuncia o título deste trabalho: “um
estranhável conselho”. Provém ele de um de nossos poderes públicos – o
legislativo – e foi publicado dias seguidos nos jornais da cidade, como
informação e letras em destaque – negrito – dizendo: “Neste Carnaval, faça sexo
seguro – Use camisinha”. Do fraseado se deduz indubitavelmente que o sexo é o
principal do Carnaval.
Cordões, fantasias, máscaras, vestimentas, carros alegóricos, hinos e
músicas, saracoteios, bailados, conjuntos, nada significa para aquele conselho,
pois o que vale “neste Carnaval” é o “sexo seguro”, garantido por essa mundial
inimiga da reprodução da espécie humana (e não doenças), a camisinha.
Achei infeliz e fora de propósito a recomendação ser feita por um poder
legislativo, pois implica, como disse eu, em profundos conceitos de moral, de
religião, de medicina, de socialismo, de consciência, todos envolvidos nessa
angustiosa falência terrível para a qual caminha a humanidade, que não quer
mais assumir o direito de nascer e de viver de novos seres humanos, num gesto de
egoísmo infernal, pois o aumento da espécie humana apavora os observadores, as
autoridades, os escritores, os poetas, os países ricos e pobres. E como medida
salvadora oferecem o preservativo, processo diabólico que responde plenamente a
esses propósitos de extinção da espécie humana.
Carnaval já divertiu muito, já foi bonito, já festejou deveras. Hoje,
entretanto, graças aos errôneos conceitos que o modificaram, inseriu-se nele o
pecado, a imoralidade, a irresponsabilidade social, religiosa e mexeu com a intangibilidade
da consciência. Vale tudo, então, a ponto de provocar a manifestação acima
referida, que nos dá a entender que o principal da festa é mesmo o sexo.
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