Rio Piracicaba

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Rio Piracicaba cheio (foto Ivana Negri)

Patrimônio da cidade, a Sapucaia florida (foto Ivana Negri)

Balão atravessando a ponte estaiada (foto Ivana Negri)

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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Desafios e perspectivas para o ensino da História

Armando Alexandre dos Santos
Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
                                     

Quais os desafios e quais as perspectivas do ensino da História, para as novas gerações? No meu modo de entender, se focalizarmos bem os desafios, poderemos ter uma visão, em perspectiva, do que nos espera nas próximas gerações.
O grande desafio, no momento presente, é que os jovens, neste início de século e de milênio, parecem ter perdido a noção histórica. Tradicionalmente, desde que o mundo é mundo, todos os seres humanos sempre se consideraram inseridos numa cadeia humana, como elos numa corrente. Cada pessoa se via inserida não só no espaço, geograficamente, num determinado contexto, mas também no tempo, historicamente, numa determinada sucessão biológica.
Essas duas dimensões humanas, tempo e espaço, eram muito claras para todos, até mesmo em culturas muito primitivas (desculpem o conceito “antropoliticamente incorreto”, como desculpem também o neologismo do advérbio...). Todo mundo se sentia num lugar e inserido numa comunidade que se projetava no tempo. Isso se manifestava de mil modos. Talvez o mais característico seja na Onomástica. Em todas as culturas, sempre e em todos os lugares, as duas formas mais usadas para designar um indivíduo sempre foram o local de procedência e a família da qual procede. Eu poderia dar milhares de exemplos, mas fiquemos em uns poucos, bíblicos: Paulo de Tarso (indivíduo Paulo, nascido em ou proveniente de Tarso); Simão de Cirene, ou Simão Cireneu (indivíduo Simão, nascido em Cirene); Simão Bar Jonas (Simão, filho de Jonas); Jesus de Nazaré (Jesus, proveniente de Nazaré) etc.
No sistema clânico dos celtas, privilegia-se a noção da origem comum; em outras culturas, a preferência vai mais para a procedência geográfica. Mas sempre é essa dupla dimensão, tempo e espaço, que permite aos indivíduos se identificarem e se definirem diante de si mesmos.
Daí também as duas ciências irmãs, a História e a Geografia, serem tão interligadas. Antropologicamente, as duas se explicam e se justificam por uma mesma necessidade psicológica inerente a todo ser humano: a necessidade de cada indivíduo se ver e se compreender a si mesmo, inserindo-se num conjunto humano e, ao mesmo tempo, diferenciando-se dos demais e individualizando-se.
Isso, repito, é inerente ao ser humano. Pois bem, é justamente isso que está em crise, e em crise profunda, no momento presente.
De um lado, a noção de espaço, no mundo moderno, se tornou muito relativa. Não só o transporte físico das pessoas foi facilitado, permitindo deslocamentos muito rápidos, mas sobretudo o transporte psicológico ficou instantâneo. A facilidade com que falamos hoje por telefone com qualquer parte do mundo é incrível. E, se entramos no mundo das tecnologias de computador, então, chegamos ao absurdamente incrível. Hoje, é possível fazer uma visita pormenorizada ao Taj Mahal, ou às Muralhas da China, ou aos castelos do Vale do Loire, sem sair de casa...
O mundo inteiro, tão imenso para nossos antepassados, virou uma pequenina aldeia global. Faleceu há poucos meses uma tia minha, em Portugal, com 96 anos, que nunca na vida tinha saído de duas pequenas aldeias, distantes uma da outra apenas 800 metros. Ela nasceu, casou, viveu, ficou viúva e morreu naquele pequeno mundinho. Nada mais conheceu a não ser aquilo. Isso, que hoje estranhamos tanto, durante milênios foi o habitual da imensa maioria das pessoas.
A relativização do espaço desorienta as pessoas, ainda que elas não se deem conta disso. Acredito que seriam necessárias muitas gerações até a espécie humana se adaptar convenientemente a essa transformação tão profunda nas suas condições de existência, que afeta tanto a vida cotidiana, o modo de ver o mundo e de cada qual se ver a si próprio.
Talvez mais ainda do que a relativização do espaço, a relativização da noção de tempo nos afeta. Antes, as transformações eram graduais, lentas, de geração em geração. Rupturas, sempre as houve na História, mas eram absorvidas com relativa facilidade, pela lenta sucessão das intermináveis continuidades. O elemento de contituidade e permanência, marcava muito mais do que o elemento mudança. Hoje, as transformações são rapidíssimas, e cada vez mais o são. Nos últimos 200 anos, a Humanidade mudou mais do que em milênios. E nos últimos 20 anos, mudou mais do que em séculos inteiros.
Esses verdadeiros saltos no tempo produzem, nos indivíduos, e sobretudo nas gerações mais jovens, uma desorientação, uma insegurança, que afeta profundamente os indivíduos e pode afetá-los psicologicamente de modo muito acentuado. O fenômeno é recente demais para poder ser inteiramente avaliado, mas já dá sinais de sua existência e de sua periculosidade eventual.
Hoje, há muitos adolescentes que perderam completamente a noção de tempo, a noção de que se inserem numa cadeia humana. Muitos não conhecem nem os pais, não têm a menor noção de quem são seus avós, não sabem de onde provêm, onde se situam na humanidade.
Curiosamente, nestes tempos de tanta desorientação existencial renascem, com força nova, os estudos de Genealogia. É cada vez maior o número de pessoas que se dedicam a pesquisar seus ancestrais, talvez numa busca subconsciente de um elemento de segurança que lhes falta na vida moderna.
O grande desafio, para nós, professores de História, é lidar com essa realidade. Despertar, nos espíritos dos jovens, esse gosto pelo estudo do Acontecer-Humano-ao-longo-do-Tempo (desculpem o neologismo, acho que estou lendo demais Guimarães Rosa...), e ao mesmo tempo despertar o gosto de sentir-se, cada indivíduo, inserido nesse processo milenar - esse é o grande desafio.
É, também, o que permite ter alguma perspectiva futura. Como a rapidez das transformações que vivemos é excessiva, desproporcionada com a natureza humana, podemos contar com um poderoso elemento favorável: a necessidade psicológica natural que, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, se manifestará em todos os espíritos.
Estou convencido de que essa rapidez de transformações não pode continuar por muito tempo, sem que a humanidade inteira enlouqueça. Acredito que, num futuro talvez não muito distante, algum fato novo de natureza imprevisível intervenha no panorama e reequilibre o ritmo das transformações, estabelecendo naturalmente um elemento de controle no mecanismo rupturas-continuidades. Os franceses dizem que, quando se expulsa a natureza, ela volta a galope. Acredito que num futuro mais próximo ou menos, a História voltará a um ritmo mais adequado e menos vertiginoso. Essa a grande perspectiva, a meu ver.


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Galeria Acadêmica

1-Alexandre Sarkis Neder - Cadeira n° 13 - Patrono: Dario Brasil
2- Maria Madalena t Tricanico de Carvalho Silveira- Cadeira n° 14 - Patrono: Branca Motta de Toledo Sachs
3-Antonio Carlos Fusatto - Cadeira n° 6 - Patrono: Nélio Ferraz de Arruda
4-Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso - Cadeira n° 15 - Patrono: Archimedes Dutra
5-Aracy Duarte Ferrari - Cadeira n° 16 - Patrono: José Mathias Bragion
6-Armando Alexandre dos Santos- Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
7-Barjas Negri - Cadeira no 5 - Patrono: Leandro Guerrini
8-Christina Aparecida Negro Silva - Cadeira n° 17 - Patrono: Virgínia Prata Gregolin
9-Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto - Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
10-Cássio Camilo Almeida de Negri - Cadeira n° 20 - Patrono: Benedito Evangelista da Costa
11- Antonio Filogênio de Paula Junior-Cadeira n° 12 - Patrono: Ricardo Ferraz de Arruda Pinto
12-Edson Rontani Júnior - Cadeira n° 18 - Patrono: Madalena Salatti de Almeida
13-Elda Nympha Cobra Silveira - Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior
14-Bianca Teresa de Oliveira Rosenthal - cadeira no 31 - Patrono Victorio Angelo Cobra
15-Evaldo Vicente - Cadeira n° 23 - Patrono: Leo Vaz
16-Lídia Varela Sendin - Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Netto
17-Shirley Brunelli Crestana- Cadeira n° 27 - Patrono: Salvador de Toledo Pisa Junior
18-Marcelo Pereira da Silva - Cadeira n° 28 - Patrono: Delfim Ferreira da Rocha Neto
19-Carmelina de Toledo Piza - Cadeira n° 29 - Patrono: Laudelina Cotrim de Castro
20-Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 - Patrono: Fernando Ferraz de Arruda
21-Jamil Nassif Abib (Mons.) - Cadeira n° 1 - Patrono: João Chiarini
22-João Baptista de Souza Negreiros Athayde - Cadeira n° 34 - Patrono: Adriano Nogueira
23-João Umberto Nassif - Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
24-Leda Coletti - Cadeira n° 36 - Patrono: Olívia Bianco
25-Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins - cadeira no 26 Patrono Nelson Camponês do Brasil
26-Maria Helena Vieira Aguiar Corazza - Cadeira n° 3 - Patrono: Luiz de Queiroz
27-Marisa Amábile Fillet Bueloni - cadeira no32 - Patrono Thales castanho de Andrade
28-Marly Therezinha Germano Perecin - Cadeira n° 2 - Patrona: Jaçanã Althair Pereira Guerrini
29-Mônica Aguiar Corazza Stefani - Cadeira n° 9 - Patrono: José Maria de Carvalho Ferreira
30-Myria Machado Botelho - Cadeira n° 24 - Patrono: Maria Cecília Machado Bonachela
31-Newman Ribeiro Simões - cadeira no 38 - Patrono Elias de Mello Ayres
32-Angela Maria Furlan – Cadeira n° 25 – Patrono: Francisco Lagreca
33-Paulo Celso Bassetti - Cadeira n° 39 - Patrono: José Luiz Guidotti
34-Raquel Delvaje - Cadeira no 40 - Patrono Barão de Rezende
35- Elisabete Jurema Bortolin - Cadeira n° 7 - Patrono: Helly de Campos Melges
36-Eliete de Fatima Guarnieri - Cadeira no 22 - Patrono Erotides de Campos
37-Valdiza Maria Capranico - Cadeira no 4 - Patrono Haldumont Nobre Ferraz
38-Vitor Pires Vencovsky - Cadeira no 30 - Patrono Jorge Anéfalos
39-Waldemar Romano - Cadeira n° 11 - Patrono: Benedito de Andrade
40-Walter Naime - Cadeira no 37 - Patrono Sebastião Ferraz