Maria Helena Vieira Aguiar Corazza - Cadeira no3 - Patrono: Luiz de Queiroz |
Um pouco antes de a primavera chegar,
mais precisamente dia 12 de setembro passado, o mundo ficou mais pobre. A
alegria se escondeu perplexa, medrosa, e devagarzinho os sorrisos esmaecidos se
contiveram nas lágrimas que rolaram amargas e silenciosamente, sem acreditar
repetindo muitas vezes: “Que pena”! E, a sensação de que a vida tinha ficado
menor e mais triste, se instalou. É sabido que a morte acontece para qualquer
um sem restrições, mas Isa, que tão cedo perdeu seu amado companheiro e
continuou com total dignidade sua jornada com a família, a grande mãe, a grande
avó, a grande amiga, acolhedora, boa, decente e corajosa, um grande ser humano
a amparar (geralmente anonimamente), muitas vidas em nossa terra que ela tanto
amou e respeitou... Tudo é pouco para se falar dessa mulher forte! Nada a
derrubava, ela aceitava a vida como era. Era firme e “pé no chão”, e, gostava
de viver!
Existem pessoas e pessoas na vida, gente
boa a se estender por esta cidade e por este mundo a todo instante com suas
lutas justas, seus desejos de serem uteis e ajudar com sua dedicação e
trabalhos sem aparecer, e, muitas vezes para não receber elogios ou agradecimentos
dos atos tão humanos que sabem fazer. Isa foi uma delas! Era especial! Despojada
e benemérita por vocação, ela fazia por fazer, como respirar, porque gostava de
ser atenciosa a muitos. O amor ao próximo era inerente à sua vida, atendia a
todos, sem hora, simples e normalmente. Uma figura bonita e alegre, muito prática
e elegante, emotiva quando recebia seus amigos proporcionando a todos, momentos
e encontros todos iluminados, floridos e musicados, acrescidos de gentilezas e
amizade sinceras, daí, todos aguardassem chegar logo, para estarem com ela. Respeitosa e agradável nos seus gestos e
ações positivas (às vezes até engraçada nos seus conselhos e comentários...), era
muito capacitada sempre que requisitada, verbal e materialmente falando. Nunca dizia
“não”, contudo sabia conduzir com firmeza filhos, família e amigos que a ouviam
atenciosamente quando se fazia necessário. Era muito justa! Tinha atenção, delicadeza,
carinho e compaixão pelas pessoas! Dicas e conselhos encontravam nela alívios e
ensinamentos honestos e sóbrios, nada que fosse espalhafatoso e, tudo o que fosse
coerência ou sensatez, acima de tudo. Piracicaba muito deve à Isaltina Ometto
Silveira Melo pela sua participação sempre presente e generosa. Daí essa homenagem
saudosa que nossa cidade lhe presta agora com muito carinho, mas, muita
tristeza por sua partida deste mundo. Ela deixará muitas saudades!
Sensível,
tinha muita admiração por esse poema de Amado Nervo escritor mexicano (nascido em
1870 e morto em Montevidéu em 1919), sob o título “Em Paz”, e, que por uma
incrível coincidência, retrata sua atuação na Terra, e que diz:
“No ocaso dos meus anos, eu te bendigo,
Vida, porque nunca me deste nenhuma esperança falida, nem trabalhos injustos,
ou luta imerecida. Vejo ao final deste duro caminho, que eu fui o arquiteto do
meu próprio destino. Se das coisas extraí o mel ou o fel, foi por ter posto
nelas, o fel ou as doçuras do mel. Quando cultivei os rosais, sempre colhi as
rosas! É certo, à minha plenitude há de se seguir o inverno. Conheci sim, as
longas noites das minhas penas, mas, tu não me prometeste somente noites
serenas. Amei, fui amado, o sol acariciou minha face. Vida: nada me deves.
Vida: estamos em Paz.”
Sem duvida alguma, o mundo ficou mais
vazio e mais pobre de belezas, sem Isa aqui!
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