Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
Há algum tempo, li num anúncio de revista a seguinte pergunta: “O que é mais importante: aquilo que você já fez ou o que ainda vai fazer?”. Pensei nas coisas feitas ao longo da vida, em tudo o que conseguimos construir, apesar das barreiras, das lutas e dos fracassos. Pensei em tudo o que já refletimos, escrevemos e publicamos; na sorte que tentamos um dia, nos sonhos, nas esperanças e nos nossos sentimentos.
Os dois conceitos têm cada um o seu peso próprio: o que já fizemos e o que ainda faremos. Ambos possuem um valor intrínseco. Talvez, o passado possa servir de lição e de experiência para futuras realizações. Nossos atos futuros, embora planejados, podem ser desconhecidos até para nós mesmos, pois, quase sempre, nossos caminhos não são os de Deus. E Ele costuma nos surpreender.
Num mundo envolvo em densas trevas, é difícil enxergar a réstia de luz que chega até nós pelos desvãos da perplexidade. A Palavra diz que devemos rir com os que riem e chorar com os que choram. Levo meu abraço solidário e mudo aos que sofrem pelas constantes catástrofes naturais, as inundações, incêndios, secas, tormentas, as mudanças climáticas que obrigam muitos a deixar suas terras, em busca de um lugar melhor para viver.
Tenho também uma palavra de pesar para a impunidade que deixa livres os homens públicos “neste país”, aqueles que teriam de pagar pelos seus crimes, cumprir sua pena perante a Justiça e, livres, riem do povo que continua elegendo-os. Meus sentimentos, senhores. É uma indignação geral.
Meus sentimentos, pátria humilhada, pelos que conseguem se safar, depois de tantas falcatruas, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, recebimento de propinas, corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, peculato e desvio de dinheiro público, gestões fraudulentas a perder de vista.
Entretanto, não basta expressar e bufar a exaustão, o cansaço nacional. O país precisa de ação. Cansamos da inércia, da incompetência, dos discursos vazios e das falácias. Das comparações chinfrins, como se o Brasil fosse um eterno estádio de futebol e os brasileiros formassem um grande time, buscando vencer a partida a todo custo. Nas preleções dos palanques, a “técnica” acredita que já ganhou o próximo campeonato.
Aplaudimos os protestos nas ruas. Algo se acendeu no coração do povo, por um momento. Um rumor se fez ouvir por toda a nação e parecia mesmo o início de um grande debate. No entanto, estamos à espera dos resultados concretos, pelas justas reivindicações escritas nos cartazes. Foi bom demais para ser verdade?
O que houve no passado, na história política de nosso país, repete-se agora, num outro contexto, mas com os mesmos anseios de um povo que luta por justiça, por dignidade e melhores condições de vida.
Cazuza pensava num dia que ia “nascer feliz”. O povo brasileiro guarda a esperança no peito, levanta cedo e vai trabalhar. Se é que haverá um dia muito feliz, raiando no horizonte, que Deus nos traga logo.
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