Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
Acabamos de celebrar a santa Páscoa e
ainda é abril. Duas festas lindas para os nossos corações. Uma leitora querida
me pediu um texto celebrando as tardes aprilinas.
Espero não me perder em meio à crônica
que encerra abril, pois eis que o mês mais lindo do ano termina. Abril passou e
não o cantei, não o descrevi em suas tardes magníficas, não o exaltei em suas
virtudes.
Abril passou com um calor tropical
atípico. De onde vem esta onda tórrida que nos obriga a pedir pela chegada do
frio? Seria mesmo o propalado aquecimento global o grande causador das mudanças
climáticas em nosso planeta?
Talvez, por uma cadeia invisível, que
age independente da vontade humana, todo o universo é posto à prova. Quanto
mais se o desafia, maior é o desastre. Abril não poderá deter a catástrofe
anunciada.
A vocação de abril é aclamar o amor, a
esperança de que a Terra prossiga, apesar dos tempos sombrios. Estamos em
órbita, ao encontro profético dos tempos.
Por isso, busco extrair do cotidiano
algo que seja proveitoso e significativo. Aprendi isso com as tardes de abril e
suas vibrações luminosas. Por vezes, uma leve e suave brisa abraça-me a alma
pequenina. Sinto que sou parte deste universo que pulsa e respira ao ritmo da
Criação.
Neste humilde texto, empenho-me para
não deixar abril passar em branco, desprovido da devida homenagem. Não sei se a
crônica tem o dom de evocar o que abril contém em beleza, expectativa e
inspirações.
Sim,
abril sempre me inspira, renova-me as forças e a crença no bem. Abril sempre
merecerá de mim uma palavra, um verso, um suspiro, um olhar mais profundo sobre
a vida e suas vicissitudes.
Estes
nossos tempos pedem coragem. A cada dia que passa temos de nos armar de mais
cuidados e cautelas, para sair à rua, estacionar o carro, para ir e vir.
Sentimos uma grande necessidade de nos proteger, de rezar, clamando aos Céus a
guarda de nossos filhos e netos, nossos amados, sobretudo os pequeninos que
começam a abrir seus olhinhos curiosos para o mundo que os cerca.
Enquanto rezei, abril transcorreu.
Abril atravessou as contas do meu terço, na luz intensa que entrou pelas
janelas todos os dias, enquanto a vida vai juntando peças de um mosaico
misterioso.
Todos
já lemos que, um dia, a Terra deixará de existir, porque o Sol sofrerá uma
implosão que o fará desaparecer, deixando de ser a generosa fonte de luz e de
vida. Nem esta hipótese consegue tirar nossa paz de espírito, quando se compõe
uma canção para abril. Deixemos a Terra sonhar.
Morar
onde o sonho mora e viver eternamente em abril. Ó, as manhãs e tardes mornas,
intermitências azuis. Saudade daquele outono em que pisei em folhas secas e
vesti o meu casaco marrom, para voltar aos velhos tempos de mim.
Favor
não reparar, leitora querida. Esta crônica inaugural é um paradoxo. Ao celebrar
abril em seu final, ela abre suas pétalas para o mês do rosário, o mês de Maria.
Para
um mês de maio encantador, ofereçamos à Mãe de Deus as rosas mais belas. Acima
de tudo, ofertemos aquela rosa de perfume único: o amor do nosso coração.
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