Marisa Bueloni
Sim, é cantando o Hino Nacional que o povo brasileiro vem dando um brado retumbante. Dei uma passada no Aurélio do computador para traduzir melhor o verbo “retumbar”, que significa “refletir com estrondo; estrondear, ecoar, ressoar, ribombar”.
Este belo som tem chegado aos nossos ouvidos de muitas formas, por meio dos torcedores apaixonados nas arenas e estádios; no som das cornetas de jovens e crianças que festejam este momento histórico, ou mesmo nos rojões retumbantes após cada vitória da seleção brasileira.
Hoje é dia de jogo. Deus Pai! Prepare o seu coração. Acerte o seu aí, que eu acerto o meu aqui, diz Silvio Luiz, nas suas folclóricas transmissões, marcando o relógio. Famoso também é o seu “olho no lan-cê!”. Osmar Santos costumava dizer “pimba na gorduchinha”. Grande locutor! Que um dia ele possa retornar ao trabalho esportivo. “Linda, linda, linda”, exclamava Geraldo José de Almeida, quando a jogada era de mestre, e a bola entrava redonda na rede. Fiori Gigliotti ficou famoso com o seu bordão desesperado “o teeeempo passa”, deixando todo mundo nervoso, à beira de um colapso.
Ari Barroso, o grande compositor de “Aquarela do Brasil”, também atuou como locutor esportivo. Seu time do coração era o Flamengo e quando a coisa ficava confusa na pequena área, ele dizia quase enfartando: “Eu não quero nem olhar!”.
Mas hoje, todos nós vamos olhar. Nossos olhos desejam ver de novo os bravos heróis das arenas em fileira, em mais um brado retumbante saído do fundo da alma. Não podemos perder este jogo de hoje, Brasil X Alemanha, nas semifinais desta Copa do Mundo de 2014. Esta será, de fato, uma partida inesquecível, porque estará ausente o jovem Neymar, o atacante da camisa 10, ídolo de uma geração que o copia até nos extravagantes cortes de cabelo.
Os ídolos lançam moda, como foi com Ronaldo e aquela mini-franjinha engraçada. E agora, Neymar consegue arrastar uma leva de meninos aos salões para um corte de cabelo não muito fácil de ser executado. Haja talento para acertar na cabeleira da moçada.
É curiosa a evolução dos tempos. Vemos as fotos dos atletas na Copa de 70, por exemplo, e os cabelos eram bem comportados, ninguém de brinco, as chuteiras eram todas pretas e nenhuma ousadia no visual. Jogador de seleção tinha de entrar em campo na maior compostura, despojado de tudo, era o uniforme e só. Hoje, é um festival de adereços, tiaras, rabos de cavalo, brincos, chuteiras coloridas, cabeleiras cacheadas, cabelos eriçados em estilo moicano, cuja releitura nos diverte. Uma das mais célebres cabeleiras é a de Valderrama, o famoso goleiro da Colômbia.
E o nosso craque Neymar? Teve a infelicidade de topar com um Zuñiga abestado, que o atacou sem piedade pelas costas, sofrendo uma agressão física das mais violentas, a ponto de ter fraturado a terceira vértebra da coluna lombar.
Hoje, vamos enfrentar os alemães e seus canhões, não é Chico? E que no apito final, o chope da festa seja regado pela boa cerveja brasileira. Quem sabe? Em possível homenagem a Neymar. Gesundheit!(Saúde!).
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