Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
Quase sempre, para amenizar os ânimos e deixar que um determinado resultado seja justo, dizemos “que vença o melhor”. Nesta Copa do Mundo de 2014, o melhor dos times já despontava, porque ouvíamos e líamos sobre tudo o que a seleção da Alemanha havia feito lá em Santa Cruz Cabrália, na Bahia, com o objetivo de vencer este Mundial.
Os alemães construíram um complexo hoteleiro, um Centro de Treinamento aqui no Brasil e treinavam à uma hora da tarde, com sol a pino, para se adaptar bem ao clima tropical. Pavimentaram estradas próximas ao local, souberam conviver com os índios pataxós, encantando-se com a exuberante beleza nativa.
Até a grama do campo onde treinavam era da mesma qualidade das arenas oficiais, em que as partidas seriam disputadas na base do suor e sangue, como vimos na final, durante o emocionante jogo realizado domingo no Maracanã.
Se houve um senão na trajetória alemã, foi o empate com Gana na fase inicial. O time de Gana não é superior à seleção do Brasil. Mas a partida no Estádio Castelão de Fortaleza terminou em 2 X 2. Gana enfrentou bem a Alemanha e lhe deu um certo trabalho.
Já lemos de tudo, já ouvimos o suficiente sobre a fragorosa derrota brasileira e o inacreditável placar de 7 X 1. De fato, uma seleção pentacampeã jamais poderia perder um jogo com esse número de gols. É absolutamente humilhante, senão desmoralizante.
Ninguém entende o que houve. O tal “apagão” deixou uma nação literalmente em trevas. Por que nosso meio de campo estava vazio? Por que o técnico não reagia, não pensava numa substituição? E David Luiz jogando numa posição diferente, o “banco” atônito, uma passividade inaceitável.
Aprender com os erros é uma lição maravilhosa. Argumenta-se que nossos "craques" não jogam aqui no Brasil, encontram-se um ano antes em função da Copa e o entrosamento em equipe é complicado. Já os alemães vêm jogando juntos há uns oito anos e prepararam-se técnica e taticamente para ganhar esta Copa do Mundo.
No fatídico jogo de terça-feira passada, era possível ver claramente a falta de esquema tático, além da escalação errada. Todos nos perguntávamos onde Felipão estava com a cabeça. Os alemães partiram para o ataque, limpidamente superiores, encontrando espaço de sobra para os gols. Com o orgulho ferido, hoje vemos os germânicos, aparentemente frios, jogando um futebol caloroso e inteligente, como os nossos craques já jogaram um dia. Em priscas eras...
Foi um mundial digno. Derrubou-se o estigma de que aqui as coisas são feitas ao acaso, na base do famoso “jeitinho” e temia-se pelo fracasso da Copa. Os brasileiros foram receptivos, souberam receber os estrangeiros e, aos nossos olhos, tudo transcorreu como nos demais países que sediaram uma Copa. Nem mais, nem menos. Dentro do padrão Fifa.
Contudo, fica o gosto amargo da derrota, da vergonha, da inferioridade da nossa qualidade técnica e a necessidade de mudanças na confederação dirigente. Aventou-se até mesmo uma “intervenção” no futebol brasileiro, rapidamente repelida pelos cartolas de plantão.
E la nave va...
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