Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
Costumo cultivar uma tese relevante: a
de que as coisas não devem ser tão facilmente descartadas. Muitas pessoas se
cansam logo do que possuem e se atiram, irrefletidamente, à troca de tudo o que
é passível de substituição. Fazem decoração nova na casa a cada ano, renovam
também o guarda-roupa, compram e consomem de forma quase irracional, pondo de
lado objetos e peças em perfeito estado de uso. Talvez por modismo, ou por pura
veleidade.
Hoje, a ordem é reciclar e aproveitar tudo o que pode ser
reutilizado. Vivemos tempos críticos, onde a questão do aquecimento global tem
inspirado alguns líderes políticos na cruzada em defesa do planeta. O consumo
desmedido e irresponsável deverá ser repensado, pois ele tem sua parcela na
contribuição ao aquecimento. Será necessária uma revisão dos nossos hábitos e
estilos de vida, da cultura da abundância e do desperdício, por meio da
conscientização de que devemos extrair da Terra o suficiente para a nossa
sobrevivência.
Vemos em toda parte uma brutal
incitação ao consumo. Todos nós precisamos adquirir o necessário para o bem
estar do dia-a-dia, consumindo o que está ao nosso alcance. Contudo, a febre de
comprar pode se transformar numa armadilha perigosa. Os desavisados caem fácil
nesta rede sutil, sem considerar muito bem a razão de se gastar uma pequena
fortuna em algo dispensável. Quanta coisa inútil se compra no apelo de um
impulso e logo depois descartada. Se ao menos as pessoas se lembrassem de doar,
de repartir com quem nada tem.
Diz um leitor que, nos dias de hoje, até mesmo os
casamentos são “descartáveis”, as uniões acabam em pouco tempo. E por que isso
está ocorrendo em escala assustadora? Mudou o casamento ou mudaram as pessoas?
Minha mãe dizia que, para casar, uma pessoa precisa ter uma virtude primordial:
a paciência. Paciência para a vida a dois, paciência para criar os filhos.
Os pais de hoje, embora se esforcem,
devem estar inseguros e confusos no quesito “educação”. E quando os jovens
cometem toda sorte de delitos, culpam-se os pais. Na tevê, o pai de família
reage assustadíssimo, atônito, ao saber que o filho participou de um roubo, de
um crime.
A sociedade está vivendo um momento de grande
desequilíbrio, os valores estão se invertendo de uma forma cruel. A crônica
policial da vida é extensa e os casos são aterradores. O que haverá por trás de
cada um deles? Certamente, falta de amor, falta de Deus.
Ninguém mata, se tem Deus no coração.
Ninguém manda matar, se ama e se é amado, se conheceu um dia a grandeza do amor
e da proteção. Cresce feliz e saudável aquele que abraçou e foi abraçado, ainda
que seja na pobreza ou na posse de poucos bens.
É feliz a família cujos membros se
respeitam, onde os filhos podem contar com pais que os ouvem. Grandiosa é a
bênção da paz e da harmonia no lar, quando se reconhece a autoridade paterna.
Quão importante é a confiança, o colo da mãe, o ombro do pai, a força do
relacionamento franco, equilibrado e amoroso. É esta disponibilidade, esta
aproximação de afetos que fazem bater mais forte o coração da vida.
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