
Cadeira n° 11 - Patrono: Benedicto de Andrade
Benedicto de Andrade
Desde os primeiros anos de vida, demonstrou alto pendor para os estudos, destacando-se ao cursar e diplomar-se no Grupo Escolar “Dr. Candido Rodrigues”.
Sempre com indomável vontade de vencer e de ser útil à Pátria, matriculou-se e concluiu o Curso Complementar no Colégio São José, iniciando simultaneamente suas atividades jornalísticas na Gazeta do Rio Pardo.
Em sociedade com José Navarro, fundou o seminário “Zas-traz” e colaborou na “Resenha”, periódico rio pardense.
No Ginásio do Estado “Culto à Ciência”, de Campinas, obteve com todos os méritos, o certificado do curso secundário.
Aos dezenove anos, prestou concurso na Delegacia de Ensino de Casa Branca, visando exercer o magistério particular e fundou o Instituto São Paulo, para ensinamentos de repetição de matéria e admissão ao ginásio.
Voltando a Campinas, cursou o pré-jurídico no Colégio “Cesário Motta”, sendo que, para manter-se, trabalhou como revisor e redator no “Correio Popular”.
Por dificuldades pessoais, retornou a São José do Rio Pardo e com o Prof. Célio Figueiredo Ferraz fundou a Escola de Comércio “Pedro II”.
Em 1942, passou a ministrar francês no Ginásio Estadual “Euclides da Cunha”, tendo também ministrado o espanhol. Já dominava com muita facilidade o português, o francês e o espanhol,
tendo conhecimento dos idiomas inglês, grego e russo.
Por concurso público, em 1949 efetivou-se na cátedra de Português no Colégio Estadual e Escola Normal de Lins, tendo sido também professor no Colégio Americano.
Por concurso de remoção, transferiu-se para o Instituto de Educação “Sud Mennucci”, em Piracicaba. Nossa sociedade, em todos os níveis, foi altamente privilegiada com seu entusiasmo, sua oratória, sua vasta cultura e com a facilidade imensa de cativar os alunos, familiares e amigos.
Com o mesmo sucesso dos anteriores, em 1955 prestou con¬curso para a Cadeira de espanhol realizado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, tendo se preparado no Uruguai e na Argentina onde esteve por conta própria; entretanto, desistiu de sua escolha.
Admirador, adepto e praticante do teatro, sempre que possível o exercia com extrema naturalidade.
Em São José do Rio Pardo, foi um dos fundadores da Rádio Difusora; por algumas semanas, foi locutor da Rádio Tupi do Rio de Janeiro; entretanto, como filho único, não evitou a necessida¬de de voltar à terra de Euclides da Cunha, por motivos familiares. Teve oportunidade de ser o redator do jornal “ O Dia” em São Paulo e orador oficial da União Negra Brasileira, a maior agremiação do gênero no Estado.
Em Piracicaba, além do Sud Mennucci, lecionou por três anos, na Escola de Comércio “Cristovão Colombo”; no plano político, foi candidato a Deputado Federal em 1958, tendo sido suplente. Foi vereador à Câmara Municipal de Piracicaba, de 1969 a 1972, tendo sido vice-presidente, cuja atuação foi merecedora de todos os elogios, pois os verdadeiros problemas e as mais complexas questões públicas constituíam sua constante preocupação. Incentivador da criação do Banco de Olhos, foi autor de expressivos pareceres nas comissões técnicas legislativas.
Do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, em 1962, recebeu a Medalha comemorativa “Imperatriz Leopoldina” e respectivo diploma.
Como professor, estimulou e orientou seus alunos a participarem de concursos e comemorações, muito especialmente na Maratona Euclidiana realizada anualmente em São José do Rio Pardo.
Foi casado com a Sra. Elmalia Silva de Andrade, pai de quatro filhos: Luiza Maria, Neuza Maria, Alita Maria e Benedito de Andrade Junior.
Faleceu em 1976, tendo sido sepultado em São José do Rio Pardo.
Com autorização do autor, Antonio Messias Galdino, expres¬siva porcentagem das informações históricas do texto foram obtidas em artigo publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, Ano III, nº 3, 1994, páginas 41 e 44.
Dr. Antonio Messias Galdino, cinqüentenário amigo, colega de bancos ginasiais, teve, em meu entendimento, roteiro de vida semelhante ao Prof. Benedicto de Andrade, embora não tenha sido nômade como este; de origem humilde, com dedicação e dignidade, também foi revisor e redator de jornal, professor, político e advogado. Na política, por ocasião da morte do Prof. Benedicto de Andrade em 1976, ocupava Galdino o honroso cargo de Presidente da Câmara Municipal de Piracicaba.
Obriguei-me a honra de pleitear ao amigo Antonio Messias Galdino, de forma resumida, sua impressão sobre o notável Prof. Benedicto de Andrade. “Memórias de um grande Mestre”; há trinta e quatro anos falecia o Prof. Benedicto de Andrade, antigo mestre de Português do Instituto de Educação “Sud Mennucci”. Tivemos a feliz ventura de ter sido seu aluno por alguns anos. Foi um período da minha juventude de que jamais esquecerei. Não apenas lições especificas de Português, que transmitia com a facilidade de um gênio, mas pelas lições de vida que procurava incutir no espírito dos seus alunos. Por duas oportunidades, tive a sorte de representar o “Sud Mennucci” na Maratona Intelectual Euclidiana, que anualmente se realizava e ainda se realiza na cidade de São José do Rio Pardo. Nesses conclaves onde compareciam estudantes de várias cidades do interior, tomamos conhecimento da vida e obra do grande escritor Euclides da Cunha, um dos primeiros a desvendar o Brasil em toda sua realidade. O Prof. Benedicto marcou a nossa geração e conseguiu fazer-nos tomar gosto pela literatura. “Portanto, nestas poucas linhas, registro mais uma vez a minha admiração e saudade.”