O rio Piracicaba de ontem
Podeis imaginar que há séculos atrás
Aqui, por onde passa um rio poluído,
– Fantasma do que foi – faminto, prostituído,
Descia um rio forte, atlético, tenaz?
Aqui, por onde passa um rio poluído,
– Fantasma do que foi – faminto, prostituído,
Descia um rio forte, atlético, tenaz?
Podeis imaginar que aqui um rio audaz
Corria flamejante, altivo, destemido,
Rompendo a verde mata, violento, aguerrido
– Motivo de epopeias de guerra e de paz?
No salto era feroz, rebentava em cascata.
Então, a índia virgem, a filha da mata,
Chegava até ali para beijar-lhe o pé.
Outras vezes rolava bufando, estridente,
Acordando na taba o paiaguá valente
Que, transido de medo, corria ao pajé.
Ah!... Se pudesse!
Quando eu era criança eu queria
Ser mocinho, usar calças compridas,
Passear, ir a festas, cinema.
Ah!... um mocinho... poder namorar.
Juventude! Passeei, fui ao cine,
Namorei e até me casei.
Realizei o que quis, e ainda mais.
Ansiei por adulto tornar-me,
Trabalhar igualzinho meu pai.
E a idade de adulto chegou.
Trabalhei, trabalhei, trabalhei.
Conquistei experiência de vida
E a cabeça entupi de estudar.
Tudo isso cansou-me demais
Quis ser velho, poder descansar.
E a velhice chegou num repente
Me dizendo matreira: – és um sábio.
Mas agora, o saber me aborrece.
Se voltar ao passado pudesse...
– Ser criança ou mocinho outra vez
E ficar por aí novamente -
Que delícia de sonho, meu Deus!
Trabalhei, trabalhei, trabalhei.
Conquistei experiência de vida
E a cabeça entupi de estudar.
Tudo isso cansou-me demais
Quis ser velho, poder descansar.
E a velhice chegou num repente
Me dizendo matreira: – és um sábio.
Mas agora, o saber me aborrece.
Se voltar ao passado pudesse...
– Ser criança ou mocinho outra vez
E ficar por aí novamente -
Que delícia de sonho, meu Deus!
Os gatos tibetanos (*)
Naquela casa amarela
vivem dois seres humanos
– Um velhinho e a companheira –
Mais dois gatos tibetanos.
Os filhos que ali moravam
– Dois meninos do casal –
Há muito foram-se embora.
Levou-os vento do mal.
Os velhos ficaram sós
Naquela casa amarela.
A velha a chorar de dores
E o velho cuidando dela.
Ninguém mais vai ao local
Há muitos pares de anos.
Fugiram dela os amigos,
Menos os dois tibetanos.
(*) Para Noedy Perecin e Marly T. G. Perecin, meus prezados amigos
vivem dois seres humanos
– Um velhinho e a companheira –
Mais dois gatos tibetanos.
Os filhos que ali moravam
– Dois meninos do casal –
Há muito foram-se embora.
Levou-os vento do mal.
Os velhos ficaram sós
Naquela casa amarela.
A velha a chorar de dores
E o velho cuidando dela.
Ninguém mais vai ao local
Há muitos pares de anos.
Fugiram dela os amigos,
Menos os dois tibetanos.
(*) Para Noedy Perecin e Marly T. G. Perecin, meus prezados amigos
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