Andre Bueno Oliveira e Armando Alexandre dos Santos trocando seus respectivos livros |
É com alegria que, embora com algum atraso, cumpro o dever de gratidão e de justiça de registrar, aqui, o magnífico presente que recebi do nosso confrade, o Poeta e Acadêmico André Bueno Oliveira. Brindou-me ele com amabilíssima visita, na qual trouxe um exemplar do seu recente livro “Herança de Poeta”. Já lhe agradeci de viva voz, mas queria fazê-lo também aqui, por este nosso blog comunitário.
Na mesma noite iniciei, com interesse, gosto e proveito, a ler o livro. Melhor dizendo, a saboreá-lo.
De fato, André é um dos cada vez mais raros poetas que ainda versejam em estilo clássico, respeitando não só a rima e a métrica, mas também o ritmo dos versos. A maior parte dos que versejam, hoje em dia, escrevem em versos livres. Poucos têm a pretensão de escrever versos clássicos. Muitos há que acham bastarem as rimas para a poesia ser clássica... Ledo engano!
Outros, preocupam-se também com a métrica, contando as sílabas, e achando que, desde que os versos rimem e o número de sílabas esteja correto, já está feita uma poesia clássica... Outro ledo engano!
Só os bons poetas, os poetas de verdade, conseguem, de ouvido, captar a musicalidade do que escrevem, de maneira a caírem as sílabas tônica dos versos no lugar certo. Só esses não escrevem, como se dizia antigamente, “versos de pé quebrado” – expressão remotamente herdada da literatura latina, quando os versos eram medidos em pés, não de acordo com sua tonicidade (como fazemos nós), mas de acordo com sua quantidade, ou seja, pela sucessão combinada de sílabas longas ou breves. Pegar, de ouvido, a beleza de um verso latino sem rima nem ritmo tônico, mas apenas pela sua quantidade, essa é capacidade muito rara. Acredito que, aqui em Piracicaba, talvez só o latinista Prof. Vitti consiga fazê-lo em nossos dias. Um dos maiores poetas peruanos da atualidade, meu fraternal amigo José Antonio Pancorvo Beingolea, contou-me que somente depois de 7 anos de esforços constantes no estudo do latim clássico chegou a esse patamar...
André Bueno de Oliveira é um raríssimo poeta que escreve versos clássicos sem quebrar os pés... e ainda o faz com graça, com naturalidade, sem usar e abusar das “chevilles” (aquelas palavrinhas monossilábicas desnecessárias ao sentido do poema, colocadas excessivamente pelos maus poetas apenas para não quebrar os pés...). Consegue, sem esforço aparente, traduzir na difícil e seletiva linguagem simbólica pensamentos líricos, bucólicos, por vezes irônicos.
Domina, visivelmente, modalidades muito variadas de composições clássicas, mas mostra clara preferência pelo soneto.
Não vou, aqui nestas notas, transcrever trechos de “Herança de Poeta”. Farei mais e melhor: apenas recomendo, a quem me ler, que vá procurar o próprio livro do André, que foi editado pela Equilíbrio Editora, leia-o, divulgue-o. Garanto que vale a pena.
para obter o livro, contato c/André: e.mail olivandre@bol.com.br e/ou Caixa Postal 76 - CEP 13400-970 - Piracicaba
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