Cássio Camilo Almeida de Negri Cadeira n° 20 - Patrono: Benedicto Evangelista da Costa |
Vez ou outra passavam velozes caminhões Mercedes, carregados de soldados e tanques do Führer.
O silêncio da morte era entrecortado pelo ecoar das botas, cujas solas estatelando juntas durante a marcha, causavam um frio na espinha da família judia de três pessoas, escondidas atrás da parede falsa daquela casa .
De vez em quando, na escuridão da noite, rajadas de metralhadoras faziam parar sorrateiros passos noturnos daqueles que se atreviam a sair de casa em busca de alimento no gueto de Varsóvia.
Muitas vezes, botas pretas que abrigavam pés e pernas em pata de ganso, batiam duras nos degraus de madeira da escada, encostada na parede falsa.
Então, a respiração dos ocupantes do esconderijo ficava suspensa e o tempo parava.
– Seria hoje...? Pensavam os três.
Um suspiro de alivio, os pulmões voltavam a se encher, o coração disparava, quando, pelo buraco de rato, junto à escada, lá estavam, mais uma vez, as três batatas.
Assim se passaram meses, naquela cidade semi-fantasma.
Todos os dias, três batatas grandes apareciam no buraco do rato.
Um dia, no entanto, após violento bombardeio, ouviu-se uma grande fuzilaria na escada. Algumas balas quebraram as paredes do esconderijo.
Após silêncio tumular, vozes num linguajar diferente do costumeiro.
A falsa parede é aberta e vários soldados americanos saúdam a família de judeus.
No pé da escada, no entanto, um soldado morto, com a suástica nazista no braço, tinha em suas mãos semi-abertas, três batatas grandes.
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