Valdiza Maria Caprânico
Cadeira n° 4 - Patrono: Haldumont Nobre Ferraz
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Recentemente
perdemos uma pessoa muito querida de minha família – o tio José. Com a sua
partida, refletindo sobre a vida e a morte, pude concluir o quanto privilegiada
sou por fazer parte dessa família.
Talvez por terem perdido o pai muito
cedo, meu pai e seus irmãos – nove ao todo, educados pela mãe viúva – sempre foram
muito unidos. Por circunstâncias da vida, os que se afastaram da família,
sempre se encontravam nos bons momentos e nos momentos difíceis.
Impossível esquecer os natais de
minha infância, onde todos os irmãos e suas famílias se reuniam em meio a muita
alegria, mesa farta e presentes para toda a criançada, em casa de nossa avó e,
após sua morte, em casa da irmã mais velha, nossa querida tia Olivia. Após sua
morte, as reuniões da família passaram a ser em casa do tio José, nos últimos
mais de trinta anos.
Crescemos todos nós, filhos e
sobrinhos, nessa família, na verdade, não como primos, mas como irmãos.
Quando o meu pai – Dante – o
primeiro dos nove irmãos, partiu deste mundo, os outros, nossos tios, nos
assumiram, a mim e minhas irmãs, como filhas, e nossa mãe como irmã. Não
saberia dizer qual deles foi mais carinhoso, amigo, presente, em nossa vida.
Assim, a vida foi seguindo; outros
tios foram partindo e os que ficavam abraçavam a família do irmão ausente como
sua.
Até que nos restou só um – o tio
José. Nunca faltou a nenhum de seus sobrinhos, sobrinhos-netos, seu apoio, seu
carinho, sua presença sempre alegre e brincalhona. Era mesmo, nosso “tio-pai”.
Com sua partida, não apenas seu
único filho e seu único neto, mas, todos nós, ficamos órfãos – definitivamente.
O exemplo de todos eles, do carinho,
da união em família é nossa maior herança.
Refletindo sobre a família, não dá
para não comparar com muitas famílias de hoje, onde pais e filhos mal se falam,
primos, tios, sobrinhos se tratam como estranhos, onde o carinho, a amizade, o
respeito nem existem mais.
Não que minha família fosse
perfeita. Havia, e sempre haverá desentendimentos, rusgas que logo passavam e
passarão. Jamais houve agressões físicas, violência, mortes, como se vê nos
dias de hoje. É chocante, para minha família toda, ler nos noticiários, frequentemente,
filhos matando pais, irmãos se matando, pai matando filhos, enfim, toda essa violência
gerada dentro dos próprios lares – numa total falta de AMOR.
Portanto, o que nos conforta a todos
é saber que os laços de família, tecidos com muito amor, amizade e respeito
existirão para sempre entre todos nós.
E que, em algum lugar do infinito,
junto de Deus, todos eles, nossos avós, pais e tios estarão felizes, olhando
por nós.
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