Acadêmica Myria Machado Botelho Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella |
“O
corpo é um templo sagrado. A mente, o altar. Então devemos cuidá-los com o
maior zelo. Corpo e mente são o reflexo de nossa alma, a forma como nos
apresentamos ao mundo e um cartão de visitas para nosso encontro com Deus.” Convido vocês, companheiras de jornada, a
uma pequena reflexão. O título é meio ambíguo para um dia que deveria ser
somente o do laudatório, aquele que acaricia o ego sem aprofundar a realidade. A
experiência e a observação, contudo, para quem já atravessou o tempo e procura
situar-se no mundo, mantendo a juventude do espírito, peça fundamental da caminhada, é preciso
sempre uma avaliação nos conceitos.
Com
15 ou 16 anos, desabrochando para a vida, com aquele ímpeto, a beleza e a força
muito próprios da juventude, trazemos a ousadia, uma certa contestação contra as coisas pré-estabelecidas e um senso
crítico aguçado que nos impede, na maioria das vezes, de enxergar nos outros e
nos mais próximos os valores que deveriam pautar a conduta, ensinando a
errar quanto menos.Esta ousadia é natural, não sendo exagerada, e pode
até favorecer a criatividade e a deliciosa autenticidade, hoje bastante ofuscada.Caracterizam-nos uma certa
insegurança, inconfessável, um certo desconhecimento de todo o potencial que
trazemos, ao lado de um exagerado rigor em torno de pequeninas imperfeições
exteriores ou físicas que poderiam ser perfeitamente contornáveis se as
substituímos pelos melhores” cosméticos” do mundo que são os da mente ativa e
ocupada, e do aprimoramento interior.
Neste
tempo, contudo, de tão vertiginosas transformações com o avanço tecnológico, os
jovens vêm sofrendo uma perigosa inversão que poderá sim, alterar suas vidas e
comprometer o desenvolvimento emocional, o inegável potencial imaginativo e
criativo do intelecto de que é naturalmente dotado. Embora reconheça os enormes
benefícios dos recursos técnicos que nos levam a viver a realidade no momento
em que acontecem, não creio que a Internet, as vantagens dos aplicativos e dos acessos
instantâneos, dos celulares à mão nos mais diversos lugares e a qualquer hora, dos
iPods, dos instagrans, das informações e contactos via face- books e twitters,
sejam assim tão benéficos e indispensáveis.
Mulheres
jovens, não me atirem pedras, nem me chamem retrógrada ou jurássica!Até certo
ponto podemos fazer uso dos benefícios, sem exagerar na dose! Em tudo a
moderação, o limite; não precisamos ser prisioneiros e escravos das redes
sociais, do excesso de informações e das notícias, das tolices e futilidades
que se travam na comunicação virtual, ao ponto de cairmos no isolamento e no
condicionamento. Não podemos prescindir das boas coisas da vida, dos contactos
pessoais, da escuta e do “olho no olho”, do interesse pelas artes, pela
cultura, pela música e a boa leitura.Nada pode substituir o amor e a amizade
que provém do conhecimento do outro; nenhum contacto virtual substitui a contemplação da natureza e da criação e
este, a meu ver, é o lado humano e
sensível, seriamente ameaçado. Não somos robôs, nem máquinas teleguiadas, somos
feitos de coração e sentimentos.
Sem querer e
sentir,corremos o risco da instrumentalização e nos tornamos pessoas insípidas,
desinteressantes, sem assunto, incapazes de manter uma conversa e o pior,abdicamos
da feminilidade, do encanto e da sutileza., da arte da sedução. Baseio-me nisto
na observação de meus netos jovens que desejam casar e constituir família. O
desencanto sobrevém depressa nos relacionamentos relâmpagos e vazios. O
excessivo cuidado com o corpo exterior relegou o principal: o aprimoramento
interior. No Brasil, o índice recordista de cirurgias plásticas, aplicações de
botox e de silicone é assustador entre as mulheres,indicando uma preocupação ,
na maioria das vezes desnecessária.
O que se vê,
como neste último Carnaval, é uma exibição do nu feminino, dos seios
siliconados que mais parecem aberrações e aleijões da natureza, indicando uma
triste mediocridade. Os estímulos negativos, provindos especialmente da
Mídia, contribuem muito para a
exacerbação do ego e a sujeição da mulher à condição de mera peça de consumo. Basta citar apenas o espetáculo execrável e
imbecil do BBB.
Por outro
lado, quantos exemplos valorosos, infelizmente pouco vistos e obscuros, de
jovens mulheres fortes e batalhadoras que não têm idade para lançar-se à luta,
empenhando-se e fazendo a diferença! Em casa, na condução da família e na
habilidade em coordenar o seu dia a dia de maneira harmoniosa, nos mais
diversos caminhos da atividade humana, nos altos e exigentes postos do trabalho
superior que requer conhecimento e capacidade, no voluntariado desinteressado,
na dedicação integral ao filho especial, no magistério que toca o futuro, nas
artes e no amor àquilo que se faz, provando que tudo é possível quando a meta a
alcançar está amparada no ideal e na fé.
A mensagem que
endereço à Mulher no dia de hoje, enunciada no belo pensamento de Irmã Dulce,
pode resumir que a felicidade é um bem
que se constrói no dia a dia, num entrelaçamento do antigo e do novo, sobretudo
no exercício constante do interesse e do aprimoramento interior, amparados nas
lições de Deus!
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