Observando um casulo, comparei sua
existência com a nossa. Sua aparência é feia, exibindo uma pseudomembrana
grossa, que serve de cobertura para a lagarta, que nele se aloja. Impressiona
mal e até assusta. Isso já aconteceu comigo em outros tempos.
Como
nunca presenciei a metamorfose ocorrida no seu interior, demorei para acreditar
que, aquela borboleta azul com contornos pretos contrastantes, a qual tanto me
fascina, havia saído desse invólucro. A capa que a protegia deve ter se
decomposto no solo árido.
Vacilei
muito até assimilar essa realidade, associada à nossa existência. Fiquei feliz
por entendê-la. Aliás, generalizo esse sentimento para todos os homens, somente
com uma ressalva: ainda estamos em gestação e dependerá de uma série de fatores,
esta ser mais rápida para uns do que para outros. Contudo, essa gravidez é
diferente da primeira, daquela que nos trouxe para o Planeta Terra, pois nela
dependíamos do útero materno para nos acolher e propiciar vida, num curto
período de nove meses. Já nesta, nós próprios estamos trabalhando o nosso parto
e não sabemos quando irá ocorrer.
Romperemos a casca do casulo, no dia de nossa morte-vida e ficaremos libertos da escuridão, que às vezes nos confunde. Então poderemos voar livremente, como a linda borboleta azul!
Morte: sinônimo de Vida se aceitamos o Mistério do Amor!
Borboleta Azul
No exterior, capa grossa, deformada
Revela inércia, pouca agitação,
Tal qual uma redoma, alicerçada
Por sólido respaldo da estação.
No interior vive plácida e amparada
Feliz lagarta em plena formação,
Que espera calma curta
caminhada,
Prevê momentos bons de gestação.
Ação de Deus,
real apoteose,
Milagre sem igual: metamorfose,
Do casulo a lagarta se desliga.
Devagar, linda borboleta azul
Levanta voo e segue rumo ao sul.
Um novo ser agora o mundo abriga.
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