Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
É a vida, e
é bonita e é bonita. Assim, diz uma canção popular cheia de esperança, onde se
canta também que “ninguém quer a morte; só saúde e sorte”.
Pois é. Contudo, nos deparamos com os
imprevistos, os infortúnios, as vicissitudes, as perdas e dores. Assim é a
vida. O que importa, em toda situação dolorosa, é nosso espírito bravio, nossa
disposição de seguir adiante, passando por cada obstáculo, buscando forças onde
forças não havia.
A vida terá nos reservado uma bela e
indescritível fatia, aquela que ainda não vislumbramos, porque é cedo demais.
Ou porque teremos de merecê-la.
Vejo que nossa caminhada neste mundo
nos confere algo de muito oportuno e enriquecedor, se soubermos aproveitar cada
nova lição. O sofrimento e a dor existem para todos. Para jovens e velhos,
ricos e pobres. O imponderável e o inesperado nos aguardam a todos,
democraticamente.
Um dia, embarcamos nesta nave chamada “vida”,
construímos algumas certezas hoje, que serão derrubadas amanhã, porque mudamos
de pensamento e isso é natural. Conceitos e dogmas que são a base de nossa fé e
de nossa crença podem ser imutáveis, mas há pensamentos universais que
abraçamos depois de alguma longa e profunda reflexão.
Penso sempre na infinitude das coisas
que duram. E que permanecem conosco por longos anos. Uma xícara predileta para
ao chá, um cobertor amado, um casaco de lã, um anel, uma alicate de unha. Mas
existem outras espécies de coisas que são infinitas porque nosso coração assim
o deseja.
Há objetos que nos pertencem a tanto
tempo, que não sabemos mais viver sem eles. Há verdadeiras preciosidades a
nossa volta e, distraídos que somos, perdemos o pôr de sol mais lindo do mundo,
a música que toca em algum lugar da nossa alma, a inaudível beleza do silêncio.
É a vida, em toda a sua rica textura.
Sons, gestos, rumor de gente chegando e partindo, tristeza e alegria misturadas
à exaustão.
É a vida, apresentando uma coleção
completa de ofertas. Cada um tem suas preferências e junto com estas, algumas
certezas. Aquelas, que, mais tarde, acabaremos por questionar.
Penso que viver ainda é o mais belo
exercício. Diz um ditado chinês que “uma caminhada de mil passos começa com o
primeiro”. É justamente este primeiro passo o mais difícil, o mais crucial, o
que mais exige de nós. Trata-se de uma decisão a tomar e que terá suas
consequências.
Este exercício de decisões inclui
algumas derrapadas pelo caminho, porque a vida não é em linha reta. Há curvas
perigosas e nem sempre há placas de aviso. Somos pegos de surpresa num declive
súbito e não há como frear. Mais à frente, uma montanha a transpor, subida
íngreme, dura, penosa.
Mas é bonita, a danada da vida. Ela nos
bate quando quer. Temos de nos defender com as armas que conhecemos. E uma de
minhas preferidas é a oração. Quando pressinto a aflição pela frente, começo a
rezar. Ou seja, a rezar mais, porque venho rezando sempre.
Orar faz um bem imenso para o espírito!
Ter um pensamento amoroso para o mundo e para todas as pessoas faz da vida algo
com mais sentido.
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