Elda Nympha Cobra Silveira Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior |
Se pudéssemos ouvir as árvores o que será que elas
falariam? No raiar da aurora as luzes do sol filtrando-se nos galhos, em
variados tons de verde, marrom e outras nuances de prata e dourado, insistiam
em se tornar presentes, e iam vestindo os troncos das árvores como
se fossem bordados com miçangas e lantejoulas, matizando seus galhos desnudos
para a chegada dos animaizinhos, que vinham se aconchegar no alto
da sua copa, depois de uma noite de sono.
Com seu canto os pássaros recepcionavam a aurora que
chegava de mansinho. Animais da mata roçavam seus corpos nos troncos das árvores
fazendo carinho e recebendo toda energia contida na natureza.
As árvores ficavam estáticas, mas exalavam o perfume de
suas flores e os frutos, adocicados e suculentos, e alimentavam a todos os
animais.
Quando o sol, passeando pela mata, ficou a pino todos
procuravam as sombras benfazejas do arvoredo. Se chovesse ou ventasse a copa
servia de guarida contra as intempéries. Se apareciam predadores, de imediato,
escalavam o tronco e se escondiam na ramaria, olhando de soslaio o
inimigo iminente. E o dia sempre presente foi passando até chegar a hora
noturna para todos que nidificaram e saíram buscando alimentos para seus
filhotes, e que voltavam, à procura de seus ninhos, e também todos que
vinham para descansar no regaço dos braços das árvores amigas.
A temperatura foi declinando e despertando em todos a
necessidade de um abrigo. Nos galhos os passarinhos se encolhiam escondendo
suas cabecinhas nas asas e os casais aos pares dormiam agarradinhos. A araponga
com seu canto estridente emudeceu. A coruja vigiava tudo com seus olhos
arregalados e tudo foi silenciando aos poucos, parecendo um lugar desabitado. O
orvalho foi caindo e umedecendo as folhas e cada vez mais todo o ambiente
esfriava. Ele também queria fazer parte daquela reunião e foi se estendendo por
toda a mata aspergindo gota a gota ao salpicar sua garoa.
A lua foi penetrando nas árvores junto com a aragem
murmurante, parecendo que embalava em uníssono a ramaria, clareando meigamente
nesse lusco-fusco essa dormida. Naquele lugar só existia a paz! A paz que a
natureza sabe ter e os homens não sabem. Somos permeados com a natureza, porque
fazemos parte dela, mas nossos atos deixam muito a desejar, quando o ego
impera!
Termino assimilando
o exemplo que as árvores querem nos dizer: Fazer o bem, sem olhar a quem, e
sentir essa paz.
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