Ivana Maria França de
Negri
Por
que e para quem os escritores e poetas escrevem? E por quais motivos? O que
move suas mãos para a pena que, enlouquecida, não pára de deslizar no papel? Enquanto
tentam coordenar os pensamentos que surtam como pipocas estourando uma após
outra, os dedos percorrem os teclados procurando avidamente as letras que
formarão as palavras que irão traduzir seus pensamentos.
É um momento
mágico, sublime! Só os que já passaram madrugadas insones com as ideias latejando
na cabeça sabem do que eu estou falando.
É uma espécie de febre gostosa , é sentir o espírito verdejante e a alma florida.
Aprende-se a ouvir o silêncio e a enxergar a verdadeira essência das coisas. E
enquanto não se coloca a emoção para fora, fica uma espécie de dor, de
sufocamento, de angústia, que só se afasta quando as palavras fluem, quando a
obra vai tomando forma.
E o que dizer
do poeta, que vê tudo com olhos de paixão, extasia-se com coisas frugais e
coloca a alma na ponta da caneta para trazer à luz seus tesouros ocultos? Feliz
dele que consegue acordar os sonhos, comungar as belezas da vida e traduzir a
voz das plantas e dos animais. Às vezes enxerga o mar inteirinho dentro de uns
certos olhos verdes.
Poetas não
costumam passar sua obra pelos filtros da razão. E ainda conseguem a proeza de
encaixar toda cadência do universo infinito no espaço restrito de um só verso.
Com o esboço
pronto, vem a sensação de saciedade, de paz, de missão cumprida. Compara-se ao
gesto de um famoso escultor italiano, que ao ver sua obra acabada, em êxtase
exclamou: “parla!”. Ou ao pintor quando
dá a última pincelada no quadro e sente-se um deus diante da obra-prima. E o
poeta, assim que termina o poema, se apaixona perdidamente pela musa.
Que coisa
fascinante é trazer à luz um texto como se fosse um filho querido. E depois
dividi-lo com o mundo, dar-lhe asas, e deixá-lo voar livremente, para que pouse
nas mentes de quem os lê e frutifique. Escrever é como adejar asas sem tirar os
pés do chão. O escritor possui nadas, mas ao mesmo tempo é dono do mundo.
Escrever é um
ato fascinante. Desde tempos imemoriais, nossos antepassados já careciam dessa
comunicação com outras cabeças pensantes e queriam dividir suas criações com
amigos ou deixar de herança aos descendentes o que levavam em suas almas, suas
experiências, suas sagas. De maneira rudimentar “escreviam” com tintas vegetais
nas rochas, com gravetos na areia, e onde mais sua imaginação indicasse. Eram
os primeiros e incipientes passos da literatura antes do surgimento dos papiros
e da pena, precursores da era da informática, quando o mundo se tornou pequeno
e globalizou-se.
Para se
escrever bem é preciso ler muito. E para isso é necessário que haja bons
escritores. As ideias vão se entrelaçando e cadeias de pensamento coletivo vão
se formando
Depois da criação do alfabeto e da literatura, nunca
mais a humanidade foi a mesma.
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