Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
Ao começar minha crônica semanal, penso no leitor. Que assunto levar a ele, como tocar e encantar seu coração. Estaria ele cansado da vida, das trágicas notícias à sua volta, da aspereza destes dias de estiagem? Vejo como o tempo seco mexe conosco. As viroses parecem aumentar, deixando muita gente combalida e sem energia. Os pequeninos também sofrem e é uma preocupação constante com a saúde.
Então, traço um esquema mental e, na condição de também leitora deste jornal, imagino que o leitor já passou pelas outras páginas, leu notícias diversas, artigos sobre política ou economia, e talvez esteja precisando de um pouco de alento. Sim, seria muita pretensão da minha parte achar que, nestas humildes linhas, seja capaz de transmitir ânimo e coragem. Contudo, tento. Luto com as palavras e com a temática da semana, para brincar com o sonho.
Desenho na página branca do computador um tempo de bonança e de ventura. Nada de sobressaltos ou presságios. Que todos os perigos se afastem de nós e possamos prosseguir serenos na longa estrada da vida. Penso num tempo azul, azul, como a cor do céu que desaba sobre a nossa insignificante existência.
Um tempo azul é aquele em que estamos em paz conosco, com nossa consciência e com o próximo. É o tempo de sentir regozijo, alegria, de sentir o amor de Deus. Por vezes, passamos temporadas de tribulação e desassossego, sem nos dar conta do quanto ficamos exauridos. Sabemos perfeitamente quando necessitamos de uma pausa, de um repouso. O corpo emite sinais importantes e devemos prestar atenção neles. Ignorá-los pode ser perigoso.
Quem não tira férias há muito tempo, comece a pensar nisso. Quem não sai da frente da pia e do fogão, tente comprar algumas coisas prontas para comer e reserve para si mesmo algumas horas de lazer. Quem é escravo do trabalho e do dinheiro, revise seus conceitos. Quem está cansado da rotina e da mesmice, aprenda algo novo, lance-se neste desafio de descobrir as muitas possibilidades da vida.
Todo o tempo que vier depois destas descobertas será um tempo azul. Será o tempo que teremos para contemplar o céu. Serão as horas abençoadas para ouvir música. Os longos silêncios, quando isso é possível, na cidade ou no campo. Já morei no campo e me iludi. O som alto também chegou por lá. Nem sempre a sinfonia de pardais é o que prevalece nos recantos ditos bucólicos. Agraciado é aquele que, seja onde for a sua casa, vive num local de paz e de sossego.
Lutemos por este tempo azul, pelo desfrute de algumas horas sublimes, momentos de enlevo e de doçura. Aquele passeio que nossa alma precisa dar de vez em quando, ou adoecerá mortalmente. Que cada um aprenda o valioso exercício de encontrar no relógio este tempo precioso, a sabedoria para administrar seus anseios e projetos, salvar sua saúde, seu bem estar, sua lucidez.
Envolvidos pela crise política e econômica do país, é inevitável a nossa inquietação. Mas não escreverei sobre isso aqui, caro leitor. Meu desejo é que você se encante, sinta-se em paz e brinque com o sonho...
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