Acadêmica Myria Machado Botelho Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella |
Aquele Menino atravessa
uma História de dois mil anos, conhecida pelo mundo inteiro... E por ser a história mais bela, incomparável
e real, gostamos de lembrá-la e repeti-la, especialmente nesse tempo em que os
corações parecem revestir-se de mais suavidade, aquela que caracterizou a mais
doce e luminosa das noites...
Aquele menino
nasceu em Belém, pequena cidade da Judéia, ao tempo de um recenseamento
obrigatório em Jerusalém ... Maria e José ali estavam, afim de cumprir a
lei, porém chegara o momento do parto e
era preciso encontrar um lugar que os acolhesse... Baldados todos os esforços, pois as
hospedarias lotadas obrigaram-nos a buscar o abrigo numa estrebaria. “Veio para o que era seu e os seus não O acolheram”... Seu primeiro leito, um cocho, uma manjedoura
onde comiam os animais... Na noite fria,
a respiração de um boi e de um jumento aqueceu-os na pobreza, no despojamento
completo em que deveria vir ao mundo um Rei!...
Mas por quê tal opção? Ele poderia
ter escolhido um palácio, um berço de ouro, um séqüito a esperá-Lo, todas as
glórias e as honrarias do mundo, indispensáveis aos poderosos... Não! tudo devia acontecer assim, na
simplicidade, como resposta plena e
indistinta para todos. Pobres e ricos deveriam acolher essa História, arquitetada
por um Deus que enviava Seu Filho único ao mundo como um presente, o maior e o
mais precioso! um presente do Amor que não tem invólucros e deve ser
descoberto, inocente, incontaminado, reluzente!
Quanta
grandeza nesse despojamento! Um sinal de transformação!... Por toda a Galiléia,
nas doces e luminosas margens do Tiberíades, pelos campos e aldeias onde moravam os pequeninos... pelas
cidades mais ricas e fortificadas, das muralhas, das torres e dos aquedutos;
entre os bálsamos, os sicômoros, as anêmonas, os tamarindos e as amendoeiras em
flor, os olivais e os vinhedos a beira
das fontes e dos vergéis , onde vinham cantar os pássaros... em tudo havia um ar de esperança e de alegria,
delicioso como o orvalho nos meses em que também cantam as cigarras anunciadoras!
Nos
corações dos simples pulsava um ardor inexplicável e o trabalho lhes parecia
mais leve e mais fácil, a vida adquiria contornos tão belos que os pastorinhos,
avisados do grande acontecimento pelos anjos, dançavam tocando suas flautas que
ecoavam pelas quebradas dos montes, e apressados, repicavam o andar compassado
de seus rebanhos... Os velhos, sentados
nos bancos de pedra às portas das choupanas, olhavam muito longe espreitando os
caminhos, porque o coração, fiel e intuitivo, anunciava o novo...
Então chegou a noite, maravilhosa e silente,
da mais doce e terna reflexão... O céu recamado de estrelas brilhantes e
incomparáveis era um luzeiro resplandecente! Nos caminhos, nos prados e nas montanhas,
nas florestas dos aloendros e dos palmares a estrela maior, de brilho intenso,
indicava o caminho de uma gruta onde se
abrigava toda a riqueza do céu e da terra unidos numa santa aliança...
Aquele
Menino trazia uma promessa que deveria desencadear toda uma revolução!... Portador da Vida, Ele trazia a consolação e a
salvação, anunciada pelo profeta milhares de anos antes; Ele trazia um novo
envolvimento com Deus –Pai Criador que ensinava uma filiação mais terna, uma fraternidade, antes desconhecida. Éramos seus irmãos, e irmãos de nossos
semelhantes. Deus feito carne estabelecia novos vínculos. Ele devia crescer e
viver entre os homens, e operar maravilhas e milagres, e curar os doentes e
ressuscitar os mortos, e trazer a esperança aos tristes...e restituir a muitos
o verdadeiro sentido da vida...
Quanto
tempo levam os homens para enxergar, para descobrir toda essa imensa
beleza! E muitos nem chegam a descobri-
la, envolvidos pelas confusões do mundo!
Aquele Menino do presépio é o príncipe da paz
e da doçura, da força e do amor, é aquele que vai dizer mais tarde: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de
coração, e achareis a paz que vosso coração tanto procura”(Mt 11, 29).
Na
estrada escura e sem saída do sofrimento, ao experimentarmos a mais lancinante
de todas as dores, semelhante àquela experimentada por Maria ao receber nos
braços Seu filho descido da Cruz... ante o peso enorme que
parece o maior e o mais
insuportável de carregar, Ele se aproxima devagar... a princípio, quando já experimentamos a frouxidão e o
completo desalento... Quase O sentimos,
a mão apoiada em nossos ombros caídos, enxugando as lágrimas copiosas, e
transformando-as em pérolas de oferendas...
Então, o vemos muito perto... Maravilhosa e doce presença, falando
suavemente, ensinando a milenar lição contida no seu eterno e incandescente
Verbo. A Sua palavra de esperança e de
amor, atravessando os tempos, a cada dia, a cada momento, mais renovadora, mais atual e mais real!
"JESUS!
Permanece conosco! São tantos os
que Te buscam e Te procuram! E
necessitam de Tua misericórdia! A noite
dos tempos não tarda e o dia já declina...
Mas é belo o alvorecer, coroado
da mais enternecedora de todas as presenças!... "
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