Ivana Maria França de Negri
Resiliência é a capacidade de enfrentar
as piores situações, lidar com elas, e adaptar-se às mudanças que se seguem.
Resiliência é perseverança, superação, é o popular “levanta, sacode a poeira e
dá a volta por cima”.
Ser otimista
ajuda bastante, e manter acesa a chama da esperança é fundamental.
Resiliência é a habilidade de se manter sereno diante de uma
situação estressante, ter autocontrole, não se desesperar. Falar sobre
resiliência parece fácil, mas vivenciar é outra coisa.
Lembro-me de
um desenho animado onde os personagens principais eram um leão otimista e uma
hiena pessimista e depressiva. Eram amigos, mas completamente opostos um do
outro. Enquanto o leão via a beleza e sentia o perfume das flores, a hiena só
enxergava os espinhos. A hiena vivia a dizer: “Eu sei que não vai dar certo...
Oh, dia, oh, céus, oh, azar..., eu sei que não sairemos vivos daqui”...E o
leão: “Calma, no final, tudo vai dar
certo!”
Quando vemos
certas pessoas passarem por traumas, tragédias, catástrofes, logo pensamos: “se
fosse eu, não suportaria”. Só que quando um evento traumático acontece com a
gente, não temos escolha: enfrentar ou sucumbir. E sempre optamos por lutar,
enfrentar e tentar superar as dificuldades.
Não é uma tarefa
fácil. Numa guerra, por exemplo, vemos pessoas perdendo tudo: entes queridos, a
casa, pertences, emprego, perdem até a dignidade, pois têm que esmolar,
depender da ajuda dos outros. Muitos têm que recomeçar do zero. E ter vontade e forças para recomeçar, depois
de ver tudo o que alcançaram na vida desmoronar-se em segundos, é ter resiliência!
No famoso
romance “E o vento levou”, que fez muito sucesso no cinema, a personagem
principal, Scarlett O’Hara, interpretada pela bela atriz Vivien Leigh, era filha
de um rico proprietário de terras, escravagista, que vivia suntuosamente, mas quando
o Norte avança contra os sulistas com ideais de liberdade contra a escravidão, é
que começa a história. E em meio à guerra civil que é deflagrada, Scarlett se
apaixona platonicamente por Ashley, mas quem aparece em sua vida para ajudá-la realmente,
é Rhett Butler.
O filme é
bastante longo, mostra dramas e conflitos intensos e como o curso da vida pode
ser totalmente modificado em situações de guerra. Scarlett perde os pais, a casa,
a riqueza, perde até a única filhinha que teve com Rhett, num acidente. De
personalidade forte, mimada, egoísta e manipuladora, acaba ficando sozinha. Até
o marido que a amava, não suportou conviver com ela. Na cena final, consegue
administrar todas as emoções e resolve seguir em frente, mesmo sem nada e só. Pega
um punhado de terra da fazenda Tara, outrora exuberante e luxuosa, que pertenceu aos pais, lugar onde nasceu. No
cenário, tudo seco, descampado, só escombros. Diz para si mesma: “eu vou
sobreviver a tudo isso e nunca mais passarei fome!”
É o momento
crucial do filme, sob um céu alaranjado e com o fundo musical maravilhoso que
todos conhecemos. A resiliência de uma mulher sofrida, sobrevivente de uma longa guerra, que passou
por todas as privações possíveis. Quando se joga ao chão, seu corpo se confunde
com a terra de Tara. Inesquecível!
E todos
saíam das salas dos cinemas com olhos marejados e a certeza de que vale a pena
ser resiliente e lutar pela vida. Sempre!
* Texto publicado na Gazeta de Piracicaba
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