Luciano Verdade
(À Denise Dedini)
Não te amo pela paisagem da Toscana
ou por Paris
que estarão sempre lá esperando por nós
como num filme.
Não te amo tampouco pela sinfonia do amor
de algum compositor
tão clássico ou romântico quanto possa ser o amor
– ainda que Paris ou Piazolla tornem meu amor mais
claro.
Não te amo pelas crianças
que gritam ou choram
quando sobrevivem
ou pelas que se aquietam
realistas, modernas, mas mortas
nos noticiários de um mundo
que ainda teima em ser apenas clássico ou romântico.
Não te amo pela terra,
o vento, a água e o fogo
ainda que eles sejam parte de mim
e eu deles.
Te amo pelo oxigênio que vou respirar
no próximo minuto
pelo suor dos meus poros
pela próxima batida do meu coração.
Não pelo que fui ou sou
mas pelo futuro próximo
do que serei, já sendo
assim que o pensamento termine.
Te amo pela próxima refeição
pelo próximo nascer do sol
pelo único sentido da vida
pelo átimo de segundo
em que a vida ainda não é nem passado nem futuro
pelo futuro real quase presente
pelo presente efêmero quase passado
pelo passado eterno e vazio
quase sem passado.
Pelo vir a ser imediato,
quase sendo.
Mas que só é, de fato, se você estiver presente.
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