Lídia Sendin
Sentado
na calçada, canequinha de plástico na mão e um canudinho na outra, o menino de
pernas magricelas agitava uma espumante mistura, ansioso para que a preciosa
fórmula adquirisse a consistência desejada para o seu intento.
A
poucos passos dali, uma velha senhora observava atenta à tentativa do garoto para
produzir bolhas de sabão. Sorria ao vê-lo encher as bochechas rosadas de ar e
assoprar valentemente o fino canudo.
Levantou-se
vagarosamente, com a cautela que os anos lhe impunham, dirigiu-se ao menino,
afagou seus cabelos e disse com voz macia: - Assopre mais devagar.
Como
num passe de mágica, as bolhas coloridas ganharam o espaço, ora subindo, ora
descendo ou explodindo em seu nariz, causando-lhe divertidas cócegas.
A
mulher voltou para seu banco na praça, sentou-se sorrindo enquanto pensava na alegria
que algo tão simples proporciona.
Sua
composição básica deixa muitos brinquedos eletrônicos invejosos dos efeitos que
causam nas crianças. Apenas água, sabão e ar e a brincadeira está completa, o
número de participantes é infinito, o grau de satisfação também. Desviou o
olhar novamente para o menino que agora tinha ao seu lado novos amigos,
desejosos de partilhar com ele essa maravilhosa descoberta.
E
as bolhas subiam coloridas, ora voando, ora caindo, sempre explodindo
divertidas, efêmeras, mas belas, cumprindo seu papel de alegrar, mesmo que por
breves instantes.
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