Cássio
Camilo Almeida de Negri
A Páscoa para os judeus é a comemoração
da fuga do Egito, isto é, a transformação do modo de vida escravo, sob o jugo
do faraó, para sua libertação, que seria a ressurreição desse povo.
Quando fogem enfrentam vários
obstáculos, como o mar vermelho, que se abre para a passagem, fechando a seguir
e matando seus perseg uidores.
Após, o povo judeu se vê no deserto,
desesperado, mas mantendo sua meta de encontrar a terra prometida.
É como se essa multidão estivesse
escravizada à matéria, representada pelos egípcios (os judeus tinham uma vida
relativamente boa lá, Moisés era conselheiro do Faraó) mas algo os fazia querer
renascer como povo liberto, na Canaã, apesar
de terem que sofrer ainda por quarenta anos no deserto.
A Páscoa para os cristãos é a
ressurreição de Jesus, isto é, ele morre como Jesus e ressurge como Cristo,
pois Cristo em grego significa iluminado.
Isso explica o porquê de Jesus na cruz,
em seus últimos momentos, ainda ter dúvidas e perguntar: “- Pai, porque me
abandonaste?”
Nesse instante ele ainda não vivenciava
ser um Cristo (um iluminado), apesar de toda sua sabedoria.
O significado de ressuscitar é que Ele
deixou a consciência de que era um corpo e passou a vivenciar a consciência de
que era uma alma, um espírito, uma emanação divina.
Como dizia São Francisco:“-...é morrendo
que se vive para a vida eterna”.
Tem que morrer a consciência de que
somos o corpo e renascer a consciência vívida de que somos a alma.
Também dizia São Paulo: “- Já não sou eu
quem fala, mas o Cristo (o eu iluminado) que vive em mim.
Daí também o significado do ovo de
páscoa , o ser que vive dentro preso pela casca (que seriam os desejos, a
consciência de que somos o corpo), e consegue com muito sacrifício e com o seu
próprio esforço, rompê-la e se libertar dessa prisão.
Por isso, talvez, as crianças não gostam
de ganhar ovo de chocolate sem nada dentro, elas preferem o ovo que tem algo no
seu interior, pois seu conteúdo, que representa o ser verdadeiro, está no inconsciente coletivo.
Nós pensamos que temos alma, mas alma
nos não temos. Temos casa, carro, emprego, filhos, pais, esposa, mas alma nós
não temos, nós somos!
As religiões normalmente ensinam que
temos alma, o que é errado, pois isso nos faz sentir, inconscientemente, que
somos o corpo e que temos um espírito que é outra coisa e não nós mesmos.
Portanto, a Páscoa é um grande momento para
meditarmos que nossa consciência de corpo deve morrer e daí ressurgirmos na
consciência de que somos a alma e então vivenciarmos isso.
Esse conhecimento é tão simples, está
dentro de cada um, mas para vivenciarmos essa verdade devemos enfrentar o mar
vermelho, anos de deserto, o sofrimento na cruz da matéria e então, ressuscitarmos
como Cristo, um ser iluminado, que não tem alma , pois é a própria alma.
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