Myria Machado Botelho
Na
crise extrema que experimentamos sem vislumbrar uma saída, crise não somente
política, mas principalmente moral, quase vamos perdendo as esperanças de dias
melhores, de um futuro mais claro e
promissor para as novas gerações, carentes de tudo, e sem exemplos dignos que
as sustentem , em especial nos bancos
escolares, onde a educação foi atirada
num lamaçal de bobagens e de “ politicamente corretos” , convido meus leitores para uma pequena reflexão.
Nossa
crise reside numa enorme carência de valores
éticos, morais, espirituais e familiares. Nas escolas, uma ausência quase absoluta
de competência e de formação, salvo algumas
exceções que , infelizmente , não pontificam, e cujas vozes, quase sempre não
são ouvidas, em virtude da enorme carga provinda de espíritos mesquinhos que
tudo fazem para ridicularizar e apequenar o que é certo. Nossos meios de comunicação primam pela
mediocridade e a linguagem que se adotou nos meios digitais é um caminho aberto
para o cultivo da ignorância.
As
tintas são fortes, porém, infelizmente, traduzem uma realidade mais do que
preocupante para as novas gerações que, nas escolas , talvez nunca tenham
ouvido os nomes de brasileiros
exemplares, dotados de virtudes distintas, sobretudo possuidores de um
patriotismo nato e predominante.
O
sentimento de amor à Pátria deveria ser tanto mais intenso e decisivo quanto
mais infeliz ela possa ser e quanto maiores os riscos que ela, eventualmente ,
possa correr.
Em 15 de novembro de 1889, proclamava-se a
República no Brasil, após a extinção da escravatura com a lei Áurea, promulgada a 13 de maio de 1888 e
assinada pela Princesa Izabel.
A
mudança de regime teve muito a ver com esta extinção. Os escravocratas despeitados derrubaram o
trono de Pedro II e sua dinastia, embora a monarquia parlamentar tenha sido, em
quase todos os aspectos, um governo vitorioso e grandemente promissor.
A história constitucional e política de Pedro
II, o perfil de grande monarca em sua idade madura, retratado por Joaquim
Nabuco em “O Estadista do Império” nos
dá a dimensão política do imperador de
pulso firme, de espírito arejado e conciliador que tinha em seus ministros a
colaboração e o desempenho à altura de seus nobres objetivos. Homens incapazes de adulação e servilismo,
com a deferência necessária e razoável à Coroa, porém devotados aos interesses
públicos, que não sofriam imposições do imperador, embora sua influência fosse
enorme e incontestável . Essas características nortearam as linhas
políticas e sociais do Brasil durante quase meio século.
Apesar de tudo, passado o período difícil dos princípios da república e, desmentidos os prognósticos sombrios dos monarquistas, o Brasil retomou a marcha normal de seu progresso sob a nova forma de governo, com certeza, a preferência de quase totalidade dos brasileiros.
A
Pátria retomou seus rumos, dentro de um governo exequível, graças a um
contingente de grandes homens, dotados de virtudes distintas e possuidores de
um patriotismo nato e predominante.
No
país novo, de intensas transformações, os políticos não consideravam os cargos
públicos como monopólios pessoais ou dos partidos a que pertenciam. Seu desempenho devia ser o
melhor possível, correspondente à dignidade do cargo que ocupavam. O sentido de honra, de integridade pessoal,
de responsabilidade nos compromissos, enfim o caráter, eram pontos pacíficos,
inquestionáveis, tanto que as exclusões aos que não correspondiam a este
perfil, ocorriam normalmente. No
Brasil desse tempo já se delineava uma
posição liberal, de natureza cívica que teve em Joaquim Nabuco, no Visconde do
Rio Branco, em Rui Barbosa e posteriormente ,na República, em Prudente de
Moraes e Campos Sales, seus mais dignos
precursores.
Nesses
homens ilustres, a luta pela vida, a ambição do poder e a competição, dentro
dos bastidores políticos sempre existiu, porém não ao ponto de obscurecer as
noções do dever e do sacrifício, da verdade, do empenho e da responsabilidade
no manuseio da coisa pública, dentro dos verdadeiros padrões humanos.
Na
presente e maior crise que atravessamos,
a política se amesquinhou em função da péssima categoria dos que a
representam. Salvo exceções, o Brasil
após Getúlio Vargas, sofreu um grave
processo de desmantelamento moral e progressivo. São incontáveis e deploráveis os exemplos de
homens públicos imorais e corruptos que ocupam as páginas de nossos noticiários
diariamente. Essa conscientização cívica
republicana, da qual jamais poderemos abdicar, precisa ser restabelecida com urgência.
O
imenso potencial que nos foi legado por construtores idealistas do passado- que
possuíam em comum, ao lado do preparo, da Inteligência e da capacidade, uma
sólida e resistente autoridade moral e patriótica à prova das tentações e dos abalos- não deverá jamais ser
desprezado pelos cidadãos brasileiros
que desejam a dignidade e o
progresso de seu país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário