Marisa Bueloni
Num
de seus programas, comentando a fala de um entrevistado, Marília Gabriela
disse: “Na verdade, com o tempo, vemos que nada tem muita importância”.
Ah,
que alívio ouvir tal pronunciamento! Pois naquela hora, assistindo à
entrevista, uma determinada agonia pesava como chumbo em minha alma. Ouvir a
afirmativa foi uma redenção. Refletindo no fato de que nada tem muita
importância nesta vida, ficamos mais leves, menos tensos, menos ansiosos.
Nada
é muito importante. Nada é tão importante assim. A roupa, a unha feita, o
sucesso, o carro, o dinheiro. É preciso tão pouco para viver! Se algo der
errado conosco, paciência. Tentemos de novo, aprendendo com nossos insucessos.
Cada lição será preciosa, há de nos fazer crescer e aprimorar nossa visão de
vida e de mundo. Vasto mundo!
Ao longo da vida, temos experiências
que nos dão a base para um próximo passo, uma atitude decisiva, com um pouco
mais de segurança e confiança, na quase certeza de que não erraremos tanto.
Talvez, com o passar do tempo, uma pessoa adquira a serenidade necessária para
tomar decisões importantes, sem o medo do fracasso.
O
empenho constante de perseguir a perfeição em tudo, de estar a postos em todas
as horas do dia, nos cansa e nos abate. O efeito é contrário. A ânsia de
apresentar uma face animada e solidária 24 horas acaba se tornando um exercício
de repetido esgotamento.
Podemos prestar solidariedade, sim, mas quando solicitada, quando necessária.
Antecipar o abraço do auxílio, demonstrando atenção ininterrupta, é algo que
irá nos exaurir todas as forças.
Nada
é muito importante. Gravemos esta afirmação lúcida e transformadora. Busquemos
o equilíbrio entre erros e acertos, balança vital para nossa paz de espírito.
Importante é perdoar a si mesmo, dar um desconto próprio para os destemperos em
certas situações e justificar-se com boa autoestima perante as derrotas e
perdas.
Ah!
Os ganhos! As conquistas, as ações bem sucedidas! São elas o nosso alento
maior, a nossa pura e clara esperança. Bom guardar seus nomes e datas, suas
características maravilhosas, como belas efemérides.
Nada
é muito importante. Aprendamos isso, senhores. Uma só coisa é necessária. Ao
crente religioso, será a salvação da sua alma. Não haverá algo de maior
importância neste mundo. Cada um possui sua escala de valores e se pauta por
eles, confiante em seu tirocínio, em seus anos de experiência, em sua plena
convicção de certo e de errado.
Num
mundo precário de bons valores, onde escasseiam os exemplos de respeito,
generosidade, gentileza e afeto, é alentador pensar que ainda se pode encontrar
aqui e ali a abençoada chama que acenda a luz da sabedoria, da inteligência, do
prodígio e da bondade.
Não
nos falte jamais a fé, este farol luminoso, lâmpada para os nossos pés. Ela
poderá, sem nenhuma hesitação, nos apontar o que de fato é importante. A fé nos
sustenta quando tudo o mais naufraga; a fé nos alimenta quando nossa alma morre
de fome e de sede; a fé nos faz levantar da cama, sair da depressão, buscar a
fonte da nossa essência.
Nada
é muito importante, lembre-se. Não se aflija por pouco. Ou por nada. Sim, todos
nós, em algum momento, já nos desesperamos. Avançando na estrada, vemos que não
valeu a pena. Fiquemos com esta prece libertadora: nada é muito importante.
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