Carmen Pilotto
Olhando pela minha janela
de trabalho observo as folhas douradas caindo com o vento do outono, cheias das
lembranças das estações anteriores, que nos contam sobre vivências pelas quais
suas texturas foram tomando forma e se converteram em lindos recortes de seiva
que alimentaram as árvores e exalaram oxigênio para dar suporte ao o planeta...
Mesmo após a queda, passam a ser os húmus da terra e com o tempo, após séculos,
se transformarão em âmbar contando a história de uma região.
Quando chego ao trabalho,
tomo contanto com um cenário lindo e agradeço a Deus pela oportunidade ímpar de
poder captar lindas formas vegetais, aromas, pássaros no entorno e amplitude de
céu azul. Faço minha oração e inicio
minhas tarefas.
Hoje foi especialmente um
dia triste, lendo a notícia publicada por nossa amiga Sabrina Scarpare sobre a
poetry.camera/, traduzindo a Câmera de Poesia. Trata-se de um equipamento que
em vez de tirar fotos irá fazer um poema descrevendo sensações das imagens
capturadas! Usará metáforas, registrando belas imagens, descrevendo com
técnicas perfeitas tudo o que consideramos belo.
Meu questionamento é de
quando poderemos perceber se quem escreveu foi uma máquina ou um ser humano?
Imagens serão detalhadamente registradas com um desempenho além da capacidade
das palavras de nosso âmbito. Assim, a ARTE está muito comprometida: quadros,
fotos, textos, esculturas, partituras e tudo que a genialidade humana produz
será replicada de forma mecânica e com perfeição.
Os humanos e suas emoções
são realmente algoritmos de uma raça em extinção.
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