Rio Piracicaba

Rio Piracicaba
Rio Piracicaba cheio (foto Ivana Negri)

Patrimônio da cidade, a Sapucaia florida (foto Ivana Negri)

Balão atravessando a ponte estaiada (foto Ivana Negri)

Diretoria 2022/2025

Presidente: Vitor Pires Vencovsky Vice-presidente: Carmen Maria da Silva Fernandes Pilotto Diretora de Acervo: Raquel Delvaje 1a secretária: Ivana Maria França de Negri 2a secretária: Valdiza Maria Capranico 1o tesoureiro: Edson Rontani Júnior 2o tesoureiro: Alexandre Sarkis Neder Conselho fiscal: Waldemar Romano Cássio Camilo Almeida de Negri Aracy Duarte Ferrari Responsável pela edição da Revista:Ivana Maria França de Negri

Seguidores

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Colaboração do Acadêmico João Umberto Nassif - Cadeira no 35 - Patrono : Prudente de Moraes


O colecionador de frases

Antonio Castro, mais conhecido como Castrinho, aos sete anos de idade passou a atuar como coroinha, ajudando na celebração da santa missa. Ficou fascinado com a missa em latim. O primeiro trecho que procurou traduzir, com a ajuda do Padre Bento foi Kyrie Eleison.
Do latim,
KYRIE ELEISON
Kyrie eléison. Kyrie eléison. Kyrie eléison.
Christe eléison. Christe eléison. Christe eléison.
Kyrie eléison. Kyrie eléison. Kyrie eléison
Traduziu para o português:
KYRIE (PERDÃO)
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
A satisfação de conhecer o significado das palavras que estava falando dava-lhe um enorme prazer, e também certa superioridade junto aos colegas coroinhas, que a princípio estranharam o fato de aquele menino da idade deles saber latim. Uma mistura de ciúmes e fascínio pelo conhecimento do coleguinha. Certo dia Castrinho viu a frase “Alea Jacta Est” (a sorte está lançada), encantou-se com ela e sua tradução. Passou a usá-la em voz alta após entregar cada prova escolar ao mestre. Embora não fosse propriamente um aluno aplicado, suas notas sempre foram razoáveis, e aquelas palavras estranhas aos outros alunos parecia uma fórmula mágica para atrair boas notas. A classe toda repetia a mesma frase ao entregar suas provas ao 88 Revista da Academia Piracicabana de Letras
professor. Castrinho tinha se tornado um líder. Logo foi eleito representante da classe junto à diretoria da escola. Era ele quem falava em nome dos alunos nos dias solenes. Castrinho cresceu, tornou-se um rapaz que deixava as garotas entusiasmadas por ele. Praticava esportes, futebol, natação, chegou a ganhar medalhas como jogador de basquete do time da escola. Prestou vestibular e foi cursar Direito durante o dia e Publicidade a noite. Castrinho, embora tivesse tudo para ser vaidoso e pedante, tratava a todos com a mesma deferência. Do porteiro ao diretor da escola. Isso o tornava popular e muito estimado. Gostava de namorar, de sair nas baladas, viajar quando entrava em férias. Através de intercâmbio internacional de estudan¬tes, morou no exterior. Viajou pelos albergues da Europa. Castrinho passou a ser um colecionador compulsivo de adágios. Anotava todos e transcrevia-os para seu computador. Era fascinado por frases fei¬tas, sem questionar a origem. Com o tempo, passou a usá-las, com o maior cuidado para não causar o efeito contrário: ser um chato. No momento em que ouviu a famosa frase “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país”, atribuída a John F. Kennedy, Castrinho tomou a decisão da sua vida: seguiria a carreira política, queria salvar a humanidade da miséria e injustiças. Surgiu nesse instante um novo Dom Quixote. As frases de efeito seriam o seu Sancho Pança. Filiou-se a um par¬tido político, uma legenda que não exigia uma votação estrondosa. Quando estava só em sua casa, ficava diante do espelho do seu quar¬to e ensaiava gestos, palavras, expressões faciais. Auxiliado pelo seu partido político passou a visitar comunidades de bairro, conhecer lideranças. O público feminino delirava em ter aquele quase artis¬ta de novela ali, presente. O público masculino ficava hipnotizado com as falas sábias de um jovem, de origem abastada, dedicando-se à nobre causa de lutar pelos mais necessitados. Era um sucesso total. Seus discursos eram aguardados ansiosamente. Primeiro citava os nomes mais conhecidos ali presentes. Tomava o cuidado de antes estudar quais eram as aspirações daquela comunidade. Se alguma obra pública não tinha sido realizada no tempo prometido, Castrinho soltava: “Não adianta dizer: `Estamos fazendo o melhor que podemos´. Temos que conseguir o que quer que seja necessário”. A plateia vibrava. Ele, então completava: “o pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificul¬dade”. “A coragem é a primeira das qualidades humanas, porque é 89
a qualidade que garante as demais”. Era o clímax! Castrinho sentia que os ouvintes entravam em transe. Eram votos garantidos. Ele en¬tão encerrava dizendo: “Não há mal nenhum em mudar de opinião. Contanto que seja para melhor”. A turba, como nos circos romanos, gritava com toda força dos seus pulmões: “Castrinho...Castrinho... Castrinho...!”
Eleito vereador, deputado, governador, Castrinho passou para a fase máxima da sua carreira: candidato a Presidente da República.
Antônio (Tuta) Siqueira foi seu colega no curso de publicidade. Eram amigos, companheiros, e foi dele que partiu a grande ideia: todo eleitor ganharia um celular, se Castrinho fosse eleito iria buscar o chip. O mote da campanha era: “Fale bem pertinho com Castrinho”. Milhares de aparelhos ortodônticos foram distribuídos, sempre para a arcada inferior; se fosse eleito, o portador iria buscar a parte da arcada superior do aparelho. O mote da campanha era “Castrinho eleito, sorriso perfeito”. Camisetas com frases de auto-ajuda foram distribuídas, sempre com o nome do guru Castrinho.
O poema Jabberwocky, de autoria de Lewis Carroll (1832- 1898), autor de “Alice No País Das Maravilhas” surpreendeu e encantou o mundo. Tinha palavras inventadas, alternadas com pala¬vras já existentes. O poeta Augusto Campos tentou traduzir o poema para a língua portuguesa:
“Era briluz. As lesmolisas touvas. / Roldavam e relviam nos gramilvos./ Estavam mimsicais as pintalouvas/ E os momirratos da¬vam grilvos”
“Retoando pela incerosa pradaria, lá vai o alazão, célico e al¬veloz.../ Volteje alazão! Volteje a anseria! (Nils Zen).
Para Castrinho foi o pote de ouro no fim do arco-íris! Castrinho passou a brincar com as palavras. Mastigarei! Se fosse sólido comê-lo-ia. Doa a quem doê-la. O primeiro pé nunca é esquecido. A Suíça é um mundo de faz-de-conta numerada. Esse Bamerindus...
Criou um vasto repertório usando a fórmula que o consagrou. Um de seus pronunciamentos:
“Trabalhadores do Brasil! Escravidarei relojoando, injetando adrenalina por força pancaditiva. Glândulas sudoríporas sideresforçais, forjabras em oleomintos, açonosso, petronosso de cada dia. Brasileiros e brasileiras! Big Brother da moedagem consumitiva,
João Umberto Nassif 90 Revista da Academia Piracicabana de Letras
fiscoespionai, tabelaço no acém como na abobrinha. Despejai fol¬gosas abelhudas e marimbondos espadachins. Minha gente! O igual será diferente, gelomoedas para todos! Poupançadores, enfartem com suas economisérias. Veja o meu reflexo na amplitude dos seus olhos. Se lindo sou, lindo estou, qual cisnedindo em noiteluz. Neto de avô Doutor Honório Causa, conheci Alfa e Beto, e nada mais foi igual nunca antes na história desse país”.
Sendo interrompido pelos aplausos da enorme massa popular ensandecida, Castrinho é estadista consagrado dentro e fora do país. Emocionam-se com as suas palavras, acham-nas bonitas, ditas com convicção, embora poucos o entendam na sua língua mãe, os que se arriscaram a entender chegaram a neologismos e a um amontoado de palavras desconexas. Enlouquece os tradutores oficiais dos países que visita. Porém, todos reconhecem o seu incomparável talento para a oratória, troféu olímpico dos verdadeiros líderes.

Um comentário:

Anônimo disse...

That is very educative piece...

Galeria Acadêmica

1-Alexandre Sarkis Neder - Cadeira n° 13 - Patrono: Dario Brasil
2- Maria Madalena t Tricanico de Carvalho Silveira- Cadeira n° 14 - Patrono: Branca Motta de Toledo Sachs
3-Antonio Carlos Fusatto - Cadeira n° 6 - Patrono: Nélio Ferraz de Arruda
4-Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso - Cadeira n° 15 - Patrono: Archimedes Dutra
5-Aracy Duarte Ferrari - Cadeira n° 16 - Patrono: José Mathias Bragion
6-Armando Alexandre dos Santos- Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
7-Barjas Negri - Cadeira no 5 - Patrono: Leandro Guerrini
8-Christina Aparecida Negro Silva - Cadeira n° 17 - Patrono: Virgínia Prata Gregolin
9-Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto - Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
10-Cássio Camilo Almeida de Negri - Cadeira n° 20 - Patrono: Benedito Evangelista da Costa
11- Antonio Filogênio de Paula Junior-Cadeira n° 12 - Patrono: Ricardo Ferraz de Arruda Pinto
12-Edson Rontani Júnior - Cadeira n° 18 - Patrono: Madalena Salatti de Almeida
13-Elda Nympha Cobra Silveira - Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior
14-Bianca Teresa de Oliveira Rosenthal - cadeira no 31 - Patrono Victorio Angelo Cobra
15-Evaldo Vicente - Cadeira n° 23 - Patrono: Leo Vaz
16-Lídia Varela Sendin - Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Netto
17-Shirley Brunelli Crestana- Cadeira n° 27 - Patrono: Salvador de Toledo Pisa Junior
18-Gregorio Marchiori Netto - Cadeira n° 28 - Patrono: Delfim Ferreira da Rocha Neto
19-Carmelina de Toledo Piza - Cadeira n° 29 - Patrono: Laudelina Cotrim de Castro
20-Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 - Patrono: Fernando Ferraz de Arruda
21-Jamil Nassif Abib (Mons.) - Cadeira n° 1 - Patrono: João Chiarini
22-João Baptista de Souza Negreiros Athayde - Cadeira n° 34 - Patrono: Adriano Nogueira
23-João Umberto Nassif - Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
24-Leda Coletti - Cadeira n° 36 - Patrono: Olívia Bianco
25-Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins - cadeira no 26 Patrono Nelson Camponês do Brasil
26-Maria Helena Vieira Aguiar Corazza - Cadeira n° 3 - Patrono: Luiz de Queiroz
27-Marisa Amábile Fillet Bueloni - cadeira no32 - Patrono Thales castanho de Andrade
28-Marly Therezinha Germano Perecin - Cadeira n° 2 - Patrona: Jaçanã Althair Pereira Guerrini
29-Mônica Aguiar Corazza Stefani - Cadeira n° 9 - Patrono: José Maria de Carvalho Ferreira
30-Myria Machado Botelho - Cadeira n° 24 - Patrono: Maria Cecília Machado Bonachela
31-Newman Ribeiro Simões - cadeira no 38 - Patrono Elias de Mello Ayres
32-Angela Maria Furlan – Cadeira n° 25 – Patrono: Francisco Lagreca
33-Paulo Celso Bassetti - Cadeira n° 39 - Patrono: José Luiz Guidotti
34-Raquel Delvaje - Cadeira no 40 - Patrono Barão de Rezende
35- Elisabete Jurema Bortolin - Cadeira n° 7 - Patrono: Helly de Campos Melges
36-Sílvia Regina de OLiveira - Cadeira no 22 - Patrono Erotides de Campos
37-Valdiza Maria Capranico - Cadeira no 4 - Patrono Haldumont Nobre Ferraz
38-Vitor Pires Vencovsky - Cadeira no 30 - Patrono Jorge Anéfalos
39-Waldemar Romano - Cadeira n° 11 - Patrono: Benedito de Andrade
40-Walter Naime - Cadeira no 37 - Patrono Sebastião Ferraz