Piracicaba, como todas as cidades, tem becos, travessas, ruas, alamedas, avenidas e vias públicas, umas mais importantes, outras menos conhecidas, seja pela localização, pelo fato de abrigar algum edifício público ou local turístico, como é o caso, por exemplo, da Rua do Porto. Da mesma forma, largos, pátios, praças, jardins, espaços abertos, desejavelmente arborizados, são usados para recreação, trânsito de pedestres além de estacionamento para veículos.
Nos séculos anteriores, as vias públicas tornavam-se conhecidas pela característica topográfica ou fato histórico nela ocorrido, quase sempre sem reconhecimento oficial, apenas denominações de cunho popular.
Na atualidade, com raríssimas exceções, as cidades brasileiras utilizam as vias e logradouros como instrumento de homenagem a cidadãos que se destacaram na prestação de serviços, nas artes, literatura, ciência ou na política. Homenagens ainda podem ocorrer para lembrar datas e fatos históricos, instituições beneficentes, filantrópicas ou de prestação de serviços diversos à comunidade.
Em meados do século passado, de forma oportuna e louvável, a legislação regulamentou que somente cidadãos já falecidos poderiam ser homenageados. Esporadicamente ocorria o fato de homens públicos trocarem gentilezas através dessas homenagens, além do mais, de forma lamentável, após terem sido homenageados, fatos desagradáveis ou desabonadores poderiam estar relacionados àquelas pessoas.
Imaginar as vias públicas, até fins do século XIX, sem energia elétrica nem rede de água e esgotos, sem pavimentação, placas de identificação e publicidade, é algo quase inimaginável para os que vivem no início do século XXI. Por outro lado, a poluição visual ou do meio ambiente ainda não havia atingido as cidades.
As residências construídas nos estilos de época, sem afastamento, permaneciam com as largas portas e janelas quase que constantemente abertas. As calçadas serviam para, à noitinha, os cidadãos sentarem-se relaxados, deixando a conversa correr solta, com anedotas, causos, notícias verdadeiras e boatos, mesclados às inevitáveis maledicências sobre a vida alheia.
Rádios, aparelhos de televisão, comunicações eletrônicas foram chegando, supostamente para tornar a nossa vida mais fácil, mas acompanhando a tecnologia, vieram a violência e vandalismo. E mudaram-se os costumes.
Em Piracicaba, verifica-se que são cometidas algumas injustiças. Diz-se Rua Governador, Alferes, Regente, Voluntários. Locutores de rádio, redatores de jornais assim se expressam e a população imita. O correto seria: Pedro de Toledo, José Caetano, Diogo Feijó, Voluntários de Piracicaba.
Ruas Pau Queimado, Boa Vista, do Comércio, Direita, do Conselho, Esperança da Glória, da Misericórdia, Municipal, Nova, da Palma, da Ponte, do Rocio, do Sabão, do Salto e outras, são deno-minações antigas de algumas das ruas da cidade.
Algumas ruas podem eventualmente homenagear parentes dos que promoveram os respectivos loteamentos. Ruas Padre João, Dom Manoel, Alfredo, Alberto e Arthur, da mesma forma, são indicações indefinidas. Com o passar dos anos, as poucas referências se perdem e os próprios moradores não conseguem fornecer nenhuma informação sobre aquele personagem.
Alguns cidadãos falecidos deixam uma excelente folha de serviço, como exemplares chefes de família ou líderes comunitários, porém, por falta de iniciativa de algum parente ou displicência dos amigos, tais nomes não são sugeridos aos poderes municipais e deixam de ser lembrados nas denominações das vias públicas.
Por outro lado, também acontece que algumas pessoas, muitas vezes nem merecedoras, são eternizadas nas denominações de ruas e praças. É o poder público que faz as denominações e embora se pretenda responsável e adote critério legal, existe um inegável caráter político.
Certas figuras populares somente são conhecidas por apelidos. Em Piracicaba, no século XX, Nhô Lica foi extremamente ad¬mirado pela ingenuidade, percorrendo as ruas para recolher pedras, que acreditava serem valiosas, vendendo-as aos gerentes de bancos ou estudantes; entretanto, Felix do Amaral Bonilha, seu nome verdadeiro, é que consta na denominação pública. A rua deveria chamar-se “Nhô Lica, o Sonhador”.
Praças e similares não são utilizadas para a rotina dos endereços comerciais e residenciais, fato que acarreta um relativo desconhecimento de suas denominações. Em Piracicaba, alguns casos: Praça da Bandeira, Dr. Alfredo Cardoso, Rotary Club, Lions Club, Roberto Nobre Ferraz, Michel Cury e muitas outras.
Uma mesma via pública, com o passar dos anos pode mudar de nome, o que não é interessante, devido às consequências negativas que esse fato poderia acarretar, como, por exemplo, confusão no registro de escrituras de propriedades.
Os emplacamentos das vias públicas também sofreram alterações durante o século XX. Inicialmente, com placas metálicas esmaltadas, afixadas às paredes dos edifícios situados nas esquinas, ainda encontradas na região mais antiga da cidade, passaram posteriormente a outras formas. Multiplicaram-se os métodos de emplacamentos, os quais, acrescidos de interesses comerciais trouxeram a poluição visual às regiões de grande concentração de pessoas.
Ao findar o século XIX, Piracicaba tinha quarenta e uma Ruas emplacadas, uma dezena de anônimas e diversas projetadas, quinze Largos e alguns Jardins. Tudo isto à margem esquerda do rio que tanto nos orgulha. Não existiam homenagens a personalidades femininas: ainda imperava o machismo da província.
No início do século XX, o Barão de Rezende promoveu loteamento particular à margem direita do rio, traçado entre os espaços da Avenida do Areião e a Chácara São Pedro, onde estava sua resi-dência e surgiram aproximadamente trinta novas vias públicas. De forma oportuna e com todos os méritos, as damas passaram a ser reconhecidas: Maria Elisa, Dona Francisca, Dona Lídia.
Lidia Sofia de Souza Rezende, Dedé (1869/1933), foi a mulher de maior prestígio na sociedade piracicabana da época, destacando-se pela inteligência, caridade, inúmeras iniciativas culturais, dinâmica de participação nas realizações cívicas e públicas. Obras ainda hoje existem, em benefício de toda a comunidade, criadas por esta notável cidadã cuja beleza física só era superada pela espiritual. Celibatária por opção, não deixou herdeiros.
A Academia Piracicabana de Letras tem quarenta cadeiras, preenchidas por cidadãos residentes na cidade, natos ou oriundos de outros municípios, cujas presenças nos engrandecem. Por estes
foram escolhidos quarenta patronos, também ligados à sociedade piracicabana e região.
Os patronos, cujos falecimentos ocorreram entre segunda metade do século XIX e início do XXI, todos com méritos indiscutíveis, são nomes que merecem respeito e reconhecimento. Em levantamento superficial, nota-se que elevada parcela já recebeu alguma denominação em via publica, escola, praça ou monumento. Os que faleceram recentemente e que ainda não tiveram o momento de lembrança do poder público, já receberam uma primeira homenagem ao serem escolhidos como patrono de uma cadeira na Academia Piracicabana de Letras.
Nos séculos anteriores, as vias públicas tornavam-se conhecidas pela característica topográfica ou fato histórico nela ocorrido, quase sempre sem reconhecimento oficial, apenas denominações de cunho popular.
Na atualidade, com raríssimas exceções, as cidades brasileiras utilizam as vias e logradouros como instrumento de homenagem a cidadãos que se destacaram na prestação de serviços, nas artes, literatura, ciência ou na política. Homenagens ainda podem ocorrer para lembrar datas e fatos históricos, instituições beneficentes, filantrópicas ou de prestação de serviços diversos à comunidade.
Em meados do século passado, de forma oportuna e louvável, a legislação regulamentou que somente cidadãos já falecidos poderiam ser homenageados. Esporadicamente ocorria o fato de homens públicos trocarem gentilezas através dessas homenagens, além do mais, de forma lamentável, após terem sido homenageados, fatos desagradáveis ou desabonadores poderiam estar relacionados àquelas pessoas.
Imaginar as vias públicas, até fins do século XIX, sem energia elétrica nem rede de água e esgotos, sem pavimentação, placas de identificação e publicidade, é algo quase inimaginável para os que vivem no início do século XXI. Por outro lado, a poluição visual ou do meio ambiente ainda não havia atingido as cidades.
As residências construídas nos estilos de época, sem afastamento, permaneciam com as largas portas e janelas quase que constantemente abertas. As calçadas serviam para, à noitinha, os cidadãos sentarem-se relaxados, deixando a conversa correr solta, com anedotas, causos, notícias verdadeiras e boatos, mesclados às inevitáveis maledicências sobre a vida alheia.
Rádios, aparelhos de televisão, comunicações eletrônicas foram chegando, supostamente para tornar a nossa vida mais fácil, mas acompanhando a tecnologia, vieram a violência e vandalismo. E mudaram-se os costumes.
Em Piracicaba, verifica-se que são cometidas algumas injustiças. Diz-se Rua Governador, Alferes, Regente, Voluntários. Locutores de rádio, redatores de jornais assim se expressam e a população imita. O correto seria: Pedro de Toledo, José Caetano, Diogo Feijó, Voluntários de Piracicaba.
Ruas Pau Queimado, Boa Vista, do Comércio, Direita, do Conselho, Esperança da Glória, da Misericórdia, Municipal, Nova, da Palma, da Ponte, do Rocio, do Sabão, do Salto e outras, são deno-minações antigas de algumas das ruas da cidade.
Algumas ruas podem eventualmente homenagear parentes dos que promoveram os respectivos loteamentos. Ruas Padre João, Dom Manoel, Alfredo, Alberto e Arthur, da mesma forma, são indicações indefinidas. Com o passar dos anos, as poucas referências se perdem e os próprios moradores não conseguem fornecer nenhuma informação sobre aquele personagem.
Alguns cidadãos falecidos deixam uma excelente folha de serviço, como exemplares chefes de família ou líderes comunitários, porém, por falta de iniciativa de algum parente ou displicência dos amigos, tais nomes não são sugeridos aos poderes municipais e deixam de ser lembrados nas denominações das vias públicas.
Por outro lado, também acontece que algumas pessoas, muitas vezes nem merecedoras, são eternizadas nas denominações de ruas e praças. É o poder público que faz as denominações e embora se pretenda responsável e adote critério legal, existe um inegável caráter político.
Certas figuras populares somente são conhecidas por apelidos. Em Piracicaba, no século XX, Nhô Lica foi extremamente ad¬mirado pela ingenuidade, percorrendo as ruas para recolher pedras, que acreditava serem valiosas, vendendo-as aos gerentes de bancos ou estudantes; entretanto, Felix do Amaral Bonilha, seu nome verdadeiro, é que consta na denominação pública. A rua deveria chamar-se “Nhô Lica, o Sonhador”.
Praças e similares não são utilizadas para a rotina dos endereços comerciais e residenciais, fato que acarreta um relativo desconhecimento de suas denominações. Em Piracicaba, alguns casos: Praça da Bandeira, Dr. Alfredo Cardoso, Rotary Club, Lions Club, Roberto Nobre Ferraz, Michel Cury e muitas outras.
Uma mesma via pública, com o passar dos anos pode mudar de nome, o que não é interessante, devido às consequências negativas que esse fato poderia acarretar, como, por exemplo, confusão no registro de escrituras de propriedades.
Os emplacamentos das vias públicas também sofreram alterações durante o século XX. Inicialmente, com placas metálicas esmaltadas, afixadas às paredes dos edifícios situados nas esquinas, ainda encontradas na região mais antiga da cidade, passaram posteriormente a outras formas. Multiplicaram-se os métodos de emplacamentos, os quais, acrescidos de interesses comerciais trouxeram a poluição visual às regiões de grande concentração de pessoas.
Ao findar o século XIX, Piracicaba tinha quarenta e uma Ruas emplacadas, uma dezena de anônimas e diversas projetadas, quinze Largos e alguns Jardins. Tudo isto à margem esquerda do rio que tanto nos orgulha. Não existiam homenagens a personalidades femininas: ainda imperava o machismo da província.
No início do século XX, o Barão de Rezende promoveu loteamento particular à margem direita do rio, traçado entre os espaços da Avenida do Areião e a Chácara São Pedro, onde estava sua resi-dência e surgiram aproximadamente trinta novas vias públicas. De forma oportuna e com todos os méritos, as damas passaram a ser reconhecidas: Maria Elisa, Dona Francisca, Dona Lídia.
Lidia Sofia de Souza Rezende, Dedé (1869/1933), foi a mulher de maior prestígio na sociedade piracicabana da época, destacando-se pela inteligência, caridade, inúmeras iniciativas culturais, dinâmica de participação nas realizações cívicas e públicas. Obras ainda hoje existem, em benefício de toda a comunidade, criadas por esta notável cidadã cuja beleza física só era superada pela espiritual. Celibatária por opção, não deixou herdeiros.
A Academia Piracicabana de Letras tem quarenta cadeiras, preenchidas por cidadãos residentes na cidade, natos ou oriundos de outros municípios, cujas presenças nos engrandecem. Por estes
foram escolhidos quarenta patronos, também ligados à sociedade piracicabana e região.
Os patronos, cujos falecimentos ocorreram entre segunda metade do século XIX e início do XXI, todos com méritos indiscutíveis, são nomes que merecem respeito e reconhecimento. Em levantamento superficial, nota-se que elevada parcela já recebeu alguma denominação em via publica, escola, praça ou monumento. Os que faleceram recentemente e que ainda não tiveram o momento de lembrança do poder público, já receberam uma primeira homenagem ao serem escolhidos como patrono de uma cadeira na Academia Piracicabana de Letras.
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