Colaboração do Acadêmico Lino Vitti
Cadeira n° 37 - Patrono: Sebastião Ferraz
Um jornalista e tanto
Tinha a verve jornalística circulando-lhe pelo sangue. Tinha no cérebro peregrino a vocação para a notícia, o debate, a polêmica, a crítica, o louvor merecido, o estilo generoso. Sabia duelar nas boas causas, transmitir exatidão, aprofundar conceitos e debelar erros. Sua palavra, colocada em linhas de uma página de jornal, fulgurava como o raio em meio à tempestade, castigava, mas levava também, quando exigido, o frescor de uma brisa da tarde, a luz de um dia que desponta, a profundidade de uma sonda petrolífera, a beleza de uma noite de luar. Deitava, dormia, acordava, com alma recheada de ideias, cultura, notícias, e uma vontade irresistível de dizer, escrever, transmitir, debater, acertar, louvar e, quando necessário, dizer não aos desaforos da vida e do homem.
Conheci-o como diretor de “O Diário de Piracicaba”, em cujas páginas, diariamente, transmitia sua alma jornalística, vergastava aquilo de que discordasse, por prejudicial à cidade ou ao povo, mas tecia louvores ao bom, ao belo, ao exato, à luta do dia-a-dia da sociedade, com toda a sinceridade profissional de que era capaz. Com toda a contundência das páginas que vinham de seu trabalho, sempre ao fulgor da verdade e do brilhantismo de seu teclado, guiado por uma mentalidade ímpar de justiça, de vontade, de necessidade de vitória.
Tinha o jornalismo no sangue, disse eu acima. Por isso muitas vezes o sol nascente vinha iluminá-lo ainda na redação de seu jornal – O DIÁRIO – cuja circulação marcou época na história do jornalismo piracicabano. E tudo quanto merecesse ser digno de sua vocação, lá estava fulgurando nas páginas do matutino, para adentrar, ao raiar do dia, com hombridade, respeito e estima, o lar dos assinantes e dos leitores amigos, levando as boas e as más notícias, os belos artigos de colaboradores e o noticiário local, dos poderes públicos e do mundo inteiro. Como aliás merecem as famílias piracicabanas que amam seus diários jornalísticos, pela verdade, pela exatidão, pela beleza, pela poesia e prosa que neles se inserem.
Quem é, me perguntais, esse de que tão bem falas aqui, meu caríssimo conterrâneo? Ora não é charada nenhuma. É o meu patrono de Academia Piracicabana – o ínclito jornalista Sebastião Ferraz.
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