Colaboração da Acadêmica Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto
Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
O guerreiro das palavras
No início dos anos 80, Piracicaba era uma cidade universitária e progressista, característica que mantém até a atualidade. Jovens das pequenas cidades da redondeza se dirigiam para cá na intenção de cursarem faculdade e para que pudessem ter oportunidades de emprego. Segui o destino da época, vinda de Tietê, reduto do saudoso Cornélio Pires, iniciei a Faculdade de Letras na então tradicional UNIMEP. Já no início da vida universitária ingressei também em minha trajetória profissional na Philips do Brasil, como escrituraria. Morava feliz no pensionato da querida Dona Maria Chiarini, bem situado à Rua Dom Pedro I. Em meio ao burburinho do centro, fui muito privilegiada por frequentar o circuito social da Noiva da Colina. Cidade fervilhante, Piracicaba era o reduto dos artistas e intelectuais, pensei em citar alguns, mas seria injusta se de alguns deles me esquecesse, assim apenas mencionarei um precioso grupo que frequentava: A Associação dos Escritores de Piracicaba. Em meio ao expressivo Grupo literário lá estava eu, uma jovem do interior de 21 anos com umas palavrinhas tímidas, mas com um imenso desejo de fazer poesia. Sempre fui apaixonada por literatura e participar das reuniões dos escritores era uma forma de crescer nos quesitos humano e literário.
Em meio ao grupo, um jovem magro e um pouquinho mais velho do que eu tinha uma intensidade que me atraía, com poemas envolventes recortava páginas com textos passionais e compactos. Dos dois livros de Ubirajara restaram lembranças de arrepios pelas emoções infindas e pela minha identificação com o autor de personalidade metafísica: Do íntimo ao cismático e Queda Livre são registros do poeta que teve sua vida ceifada no vigor de sua intelectualidade e juventude em meados da mesma década de 80. Tive o prazer de conhecê-lo e ouvi-lo em toda a sua intensidade e tentarei manter de meu patrono o desejo de lancetar a alma alheia. Um poeta urbano, cuja pequena biografia e alguns poemas abaixo extraídos da Antologia “É tempo de poesia”, publicada em 1980, da qual tive o prazer de ser uma das autoras
UBIRAJARA LARA nasceu em Indiana (SP) a 6 de maio de 1958. Filho de João Batista Lara e Eline Malagueta Lara. Desde 1962 reside em Piracicaba onde, atualmente, cursa o 4º ano da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – Unicamp. Iniciou-se na poesia com a publicação de “Do Íntimo ao Cismático”, pela Editora Franciscana de Piracicaba em abril de 1979. Seu segundo livro, intitulado “Queda Livre”, também de poesias, foi publicado pela Editora Soma neste ano de 1980. É sócio fundador da Associação de Escritores de Piracicaba (AEP), na qual ocupa o cargo de 1º secretário; faz parte da União Brasileira de Escritores (UBE).
Em meio ao grupo, um jovem magro e um pouquinho mais velho do que eu tinha uma intensidade que me atraía, com poemas envolventes recortava páginas com textos passionais e compactos. Dos dois livros de Ubirajara restaram lembranças de arrepios pelas emoções infindas e pela minha identificação com o autor de personalidade metafísica: Do íntimo ao cismático e Queda Livre são registros do poeta que teve sua vida ceifada no vigor de sua intelectualidade e juventude em meados da mesma década de 80. Tive o prazer de conhecê-lo e ouvi-lo em toda a sua intensidade e tentarei manter de meu patrono o desejo de lancetar a alma alheia. Um poeta urbano, cuja pequena biografia e alguns poemas abaixo extraídos da Antologia “É tempo de poesia”, publicada em 1980, da qual tive o prazer de ser uma das autoras
UBIRAJARA LARA nasceu em Indiana (SP) a 6 de maio de 1958. Filho de João Batista Lara e Eline Malagueta Lara. Desde 1962 reside em Piracicaba onde, atualmente, cursa o 4º ano da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – Unicamp. Iniciou-se na poesia com a publicação de “Do Íntimo ao Cismático”, pela Editora Franciscana de Piracicaba em abril de 1979. Seu segundo livro, intitulado “Queda Livre”, também de poesias, foi publicado pela Editora Soma neste ano de 1980. É sócio fundador da Associação de Escritores de Piracicaba (AEP), na qual ocupa o cargo de 1º secretário; faz parte da União Brasileira de Escritores (UBE).
POEMA LÍQUIDO
Corre,
um poema líquido,
no plasma:
vermelho,
cor de vida,
cor de crime.
De consistência
inconstante,
de inconstância
consistente:
a cada momento
é eterno,
a cada eternidade
é instante.
E numa taquicardia
líquido
lépido
lírico
colérico
espalha-se
arte (rial)
pelo corpo
RIMA
rimando-a
em
meus versos brancos
para
que
meus poemas
tragam
as mais belas
figuras
e possam
eles
transmitir
a mais pura
linguagem do amor
O GALO
canta, seu canto de guerra,
num canto da casa: -
E a manhã, mais voraz
e mais sangrenta
-a bela bélica -
abre a porta com a
chave de fogo.
Assim,
o galo
nega os esporões
e engole as duras penas
por ser ele,
apenas
o porteiro da manhã
FRUTOS
Olhe
de frente
o ventre-fruto:
a semente
o semem
o sumo.
Em suma
tudo o que germinará
tudo o que fecundará
tudo tirado do suor
de nossos corpos.
Olhe
de frente
o ventre-fruto:
a semente
que germinará
fecundada
pelo semem suado
de nossos corpos
Pois
só ele poderá ser
o fruto final:
plantado em nossas raízes,
colhendo as flores
dos nossos espinhos
AMOR-TE
São duas,
as pessoas
do verbo: Amar
E do amor
para a morte
falta, apenas,
um pronome oblíquo
ao suicídio ímpar:
Falta, apenas,
a primeira pessoa
da conjugação
conjugar amor:
amor-te
a morte
- Amar-te
5 comentários:
Sou sobrinha e afilhada desse homem,que encheu de orgulho nossa familia!Me chamo Helen,e hoje tenho 31 anos,já sou mãe,e por onde passo,so encontro pessoas muito carinhosas a ele,que graças a Deus,pude e posso chamar de Tio.
Linda homenagem,ele esta vivo em nossos corações,em suas palavras,um grande homem nunca morre.Nossa familia é espirita,e sabe,que ele vive,nos visita e é imensamente amado e idolatrado.A os senhores,meu muito obrigado!
Helen,sobrinha,afilhada e filha desde maravilhoso homem,UBIRAJARA LARA!
Sou sobrinha e afilhada desse homem,que encheu de orgulho nossa familia!Me chamo Helen,e hoje tenho 31 anos,já sou mãe,e por onde passo,so encontro pessoas muito carinhosas a ele,que graças a Deus,pude e posso chamar de Tio.
Linda homenagem,ele esta vivo em nossos corações,em suas palavras,um grande homem nunca morre.Nossa familia é espirita,e sabe,que ele vive,nos visita e é imensamente amado e idolatrado.A os senhores,meu muito obrigado!
Helen,sobrinha,afilhada e filha desde maravilhoso homem,UBIRAJARA LARA!
Prezada Helen:
Conheci seu tio que tinha a idade próxima da minha, apresentada por uma amigo em comum. Admirei sempre os escritos dele pela intensidade e paixão pela vida. Gosto muito dos dois livros dele e o escolhi como patrono para que o mesmo ficasse imortalizado. Você teria uma foto de seu tio para incorporar na Academia como registro? A foto que tenho na contracapa do livro está em baixa resolução. Abraços e grata pelas palavras. Carmen Pilotto (e-mail cmsfpilo@esalq.usp.br)
http://ubirajaralara.criarumblog.com/admin.php?ctrl=posts&tab=posts&blog=1#post_3
visitem o blog quefiz em homenagem ao meu tio Bá...ubirajara lara.
Oi sou Letícia, filha dele. Faleceu eu tinha um ano e meio... Enfim, obrigada pelo carinho, não podemos deixar sua história morrer. Só desejo a vc gratidão, pela sua dedicação por guardar a imagem e escrita dele.
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