"Agulha em palheiro" era o título de um romance que li há muitos e muitos anos, já não recordo se de Camilo Castelo Branco ou de Carlos Malheiro Dias.
A expressão me retornou à memória ao ler que o "Diário Oficial" do Brasil está entrando no "Guiness Book of records" por sua edição de 24 de abril de 1998: nada menos que 2.244 páginas, pesando 5 quilos e 550 gramas.Foi o record mundial, batendo até mesmo o "New York Times", que no dia 14 de setembro de 1987, domingo, atingira 1612 páginas, com 5 quilos e 400 gramas de peso.
No caso do record brasileiro, o que engrossou a repolhuda edição foi a Seção I do Poder Judiciário, com 1132 páginas, seguida de algumas centenas de páginas de questões técnicas do mesmo Poder Judiciário.
O espirituoso e implacável Carlos de Laet dizia que se alguém tem um segredo que seja absolutamente necessário guardar por escrito, mas que seja tão secreto que ninguém possa dele tomar conhecimento, deve publicá-lo no Diário Oficial. Fica escrito e não há perigo de ninguém ler...
De fato, achar alguma coisa nessa massa de informações impressas é o mesmo que achar agulha em palheiro.
Poucas coisas são tão representativas do vazio e do oco do sistema administrativo moderno quanto um Diário Oficial...
Poucas coisas mostram tanto a decalanagem profunda entre o País real e o país fictício da burocracia quanto um Diário Oficial...
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