João Umberto Nassif Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros |
Causos de Ariranha
Pedro Altino tinha um cavalo que só faltava falar, diziam que ele estimava mais o cavalo do que a Dona Lourdes, sua legitima esposa! Tudo do bom e melhor era para o Imperador, esse era o nome do cavalo. Lavava, escovava, deixava o baio nas pontas dos cascos, colocava sua melhor roupa, botas de cano alto, algibeira, chapéu de aba larga, chicote e esporas só para completar o figurino, o arreio com argolas de prata, assim como estribo. Tudo brilhando, dava gosto de ver! Os gaiatos costumavam dizer que Dom.Pedro estava passando a cavalo, tal a empáfia de Pedro Altino. Um dia Imperador adoeceu, Pedro chamou veterinário da cidade vizinha, pediu ao Padre Bento que rezasse, fez promessa, e nada de o Imperador reagir. O desespero o fez procurar Nhô Belo, o benzedor do local, caboclo alto, mulato com sangue indígena, usava um olho de vidro, tinha perdido uma das vistas ainda menino, tinha fama de arrumar o que tinha que ser arrumado e separar o que tinha de ser separado. Era tiro e queda. Tratava até de neurastenia! Pedro Altino, após expor a situação, saiu com algumas cédulas a menos na carteira e a recomendação de realizar alguns procedimentos altamente sigilosos e que durante o processo para a simpatia funcionar ele deveria pensar no nome dos três homens mais avarentos de Ariranha da Serra. Dois dias depois o majestoso Imperador deu seu ultimo suspiro. Furioso, Pedro Altino foi procurar Nhô Belo, afinal aquilo lhe custara um bom dinheiro! Pacientemente com ouvido de oráculo, o caboclo escutou a torrente de impropérios. Pedro disse-lhe que tinha feito a mandinga conforme a recomendação. Questionado sobre os nomes de avarentos que havia pensado durante a realização do ato ele citou os três: Natan, Salim e Bepe. Com toda a placidez o curandeiro disse-lhe: “− Mas isso é dose para elefante, não há cavalo que resista!”. Coisas de Ariranha!
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