Cássio Camilo Almeida de Negri Cadeira n° 20 - Patrono: Benedicto Evangelista da Costa |
Eram azuis, grandes, de um brilho luminoso que, ao fixarem-se em outros olhos, transpassavam como setas.
Assim eram os olhos de Adolfo.
Fitá-los, era quase impossível, sustentar aquele olhar tornava o autor como que hipnotizado; se não desviasse a tempo as pupilas entrariam em midríase. Mesmo os próprios animais não ousavam fitá-los.
Nos seus três ou quatro anos, os cabelos negros e lisos já emolduravam aquele rosto tal qual nuvens negras envolvendo o sol poente no horizonte, quando um acesso de fúria tomava conta daquele rostinho infantil.
Com ternura, ajoelhado aos pés da cruz, mãozinhas postas a rezar, seu olhar parecia mesmo atravessar o do Cristo, que não o fitava, com os olhos desviados para o alto, talvez por estar cheio de compaixão, talvez pedindo algo ao Pai Supremo, já que era seu único filho, como dizia o Credo.
Mas se era seu único filho, como pedir também para o menino de olhos azuis?
E o Cristo na cruz, olhar desviado para o alto, não soube como pedir por alguém que não era Filho do Pai.
E assim, naquele dia, surgiu Adolf Hitler...
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