Rio Piracicaba

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Rio Piracicaba cheio (foto Ivana Negri)

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Vampiras e feiticeiras

 Carla Ceres Oliveira Capeleti
Cadeira n° 17 - Patrona: Virgínia Prata Gregolin 
Dizem que o século XIX foi a época áurea do vampiro literário. Para a tristeza das donzelas heterossexuais de mil oitocentos e água benta, essa informação não procede. Embora o romance Drácula, de Bram Stoker, tenha sido publicado em 1897, os personagens mais marcantes da época vitoriana foram as vampiras.
A partir de Drácula, a literatura e o cinema do século XX foram invadidos por vampiros cavalheiros, cada vez mais charmosos e emocionalmente complexos. As vampiras tornaram-se coadjuvantes, aparecendo como noivas vaporosas e/ou terríveis guarda-costas, no harém de um vampiro alfa.
Uns cem anos depois de Stoker, os vampiros rejuvenesceram. Enquanto alguns ganharam visual e conflitos semelhantes aos das atuais gangues de rua, outros chegaram ao século XXI, adolescentes e brilhando ao sol. Sejamos honestos, embora vampiros faiscantes ainda não sejam tradicionais, a presença de adolescentes faz sentido. Onde um vampiro encontraria uma donzela romântica se não fosse entre algumas garotas americanas, para as quais a virgindade voltou a ser uma virtude em si mesma? Como a sociedade politicamente correta reagiria à cena de um vampiro adulto seduzindo uma jovenzinha? Melhor fazer um vampiro também jovem, pelo menos na aparência.
Os vampiros mitológicos nasceram em várias culturas diferentes, espalhadas pelo mundo todo, muito séculos antes dos vampiros literários. Simplificando, o vampiro é um cadáver que suga o sangue dos vivos e pode transformá-los em novos vampiros. Por absurda que pareça hoje em dia, a existência de uma criatura assim fazia muito sentido quando foi imaginada. Os mortos apresentam uma palidez cuja causa, imaginava-se, era a falta de sangue no corpo. Se perder sangue é perder vida, obter sangue é continuar vivendo.
O instinto de sobrevivência nos diz que estar morto não é nada bom. Portanto os mortos, certamente, fariam o possível para continuar entre nós (visitando nossos sonhos e delírios febris) ou para levar-nos com eles. Prova disso era que, quando alguém morria e não se tomavam as medidas necessárias para manter esse alguém bem morto e quietinho, outras mortes ocorriam entre seus familiares, amigos e vizinhos. Em resumo, a crença em vampiros se relaciona com epidemias.
Dependendo da cultura à qual pertenciam, os vampiros e vampiras mitológicos eram vistos como entidades malignas ou divindades vingadoras, que puniam os homens por seus erros. Sob o domínio do cristianismo, passaram todos à categoria dos demônios pagãos, subordinados ao diabo judaico-cristão que podia ser combatido com cruzes, crucifixos, água benta, hóstia consagrada e preces.
Os vampiros literários do século XIX originam-se da fusão entre o vampiro da mitologia eslava e as crenças cristãs. O predomínio das vampiras está profundamente ligado aos quatro séculos de Inquisição, que terminaram apenas em meados do século XVIII, e tornaram as mulheres a personificação do mal.
Embora a Inquisição tenha torturado e condenado à morte milhares de homens, cerca de 85% de suas vítimas foram mulheres. As estimativas apontam desde cem mil até milhões de feiticeiras eliminadas. Um dos livros mais terríveis já escritos, “O Martelo das Feiticeiras”, ensinava como obter confissões e explicava que a mulher “é mais carnal que o homem, como fica claro pelas inúmeras abominações carnais que pratica.” E continuava: “Deve-se notar que houve um defeito na fabricação da primeira mulher, pois ela foi formada por uma costela de peito de homem, que é torta. Devido a esse defeito, ela é um animal imperfeito que engana sempre.”
Não é brincadeira. Esse livro foi o manual de instruções dos inquisidores. De acordo com ele, as feiticeiras adquiriam seus poderes após copularem com o demônio. Não adiantava os maridos permanecerem acordados, vigiando as esposas adormecidas. O demônio é invisível e a cópula ocorre sem ninguém ver. Se o marido não viu, é prova de que realmente aconteceu.
Feiticeiras e vampiros literários têm muito em comum: são sedutores, controlam animais noturnos, podem tornar-se invisíveis, temem objetos sagrados para o cristianismo. A Inquisição terminou e deixou mulheres submissas a maridos e espartilhos que mal lhes permitiam respirar. O feminino estava domesticado, porém até as donzelas mais pálidas e recatadas continuavam sendo mulheres, ou seja, malignas. Bastava que o mal se aproximasse e as seduzisse para voltarem a pecar. Saem de cena as feiticeiras do mundo real; surgem os vampiros e, principalmente, as vampiras na literatura.
A primeira vampira literária aparece em 1797, no poema “A Noiva de Corinto”, de Goethe. É uma jovem que morreu virgem, mas voltou como vampira para seduzir um rapaz. Em 1816, o poema inacabado “Christabel”, de Coleridge, é publicado e traz a primeira vampira implicitamente lésbica, Geraldine, que seduz a inocente donzela Christabel. A partir daí, lésbicas ou não, as vampiras reinam em contos e romances. Aos homens, cabe resistir a seu fascínio, transpassá-las com estacas e salvar donzelas.
Atualmente, duzentos e cinquenta anos depois de Inquisição, as donzelas literárias vão à forra e tratam de seduzir os vampiros.

Um comentário:

Carla Ceres disse...

Valeu, Ivana! Adorei a feiticeira com seu felino de estimação. Longa vida aos gatos (e gatas)! :) Beijos!

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