Rio Piracicaba

Rio Piracicaba
Rio Piracicaba cheio (foto Ivana Negri)

Patrimônio da cidade, a Sapucaia florida (foto Ivana Negri)

Balão atravessando a ponte estaiada (foto Ivana Negri)

Diretoria 2022/2025

Presidente: Vitor Pires Vencovsky Vice-presidente: Carmen Maria da Silva Fernandes Pilotto Diretora de Acervo: Raquel Delvaje 1a secretária: Ivana Maria França de Negri 2a secretária: Valdiza Maria Capranico 1o tesoureiro: Edson Rontani Júnior 2o tesoureiro: Alexandre Sarkis Neder Conselho fiscal: Waldemar Romano Cássio Camilo Almeida de Negri Aracy Duarte Ferrari Responsável pela edição da Revista:Ivana Maria França de Negri

Seguidores

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

COESÃO E COERÊNCIA

Armando Alexandre dos Santos
Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
Coesão e coerência são duas palavras de mesma origem e de significados muito próximos, mas se distinguem. A presença de ambas é indispensável para que um texto possa ser considerado bem escrito. Ambas possuem o mesmo prefixo co, significativo da nossa proposição com, e procedem do verbo latino co-haerere, que significa herdar juntamente com. As formas verbais cohaerens (o que herda com) e cohaesus (herdado com) deram origem aos vocábulos portugueses coerente/coerência e coeso/coesão.
Coesão significa a “união íntima das partes de um todo”, enquanto coerência significa, mais amplamente, “ligação ou harmonia entre situações, acontecimentos ou ideias”. Num texto escrito, coesão é o elemento de ligação que cada parte de um todo tem com outra(s) parte(s) que diretamente toca. Seria, pois, como a ligação que cada um dos elos de uma corrente tem com o elo anterior e o que lhe sucede. Já coerência diz mais respeito ao todo, ao conjunto, de tal forma que haja relação lógica entre todos os elementos, desde o primeiro até o último.
Vejo que está tudo muito teórico. Passo a dois exemplos que me ocorrem, os quais, espero, tornarão mais claro meu pensamento. O primeiro, que cito de memória, é um velho bestialógico (nome que se dava, antigamente, a composições literárias cômicas, burlescas, em que nada fazia sentido lógico; são extremamente difíceis de compor, embora possam parecer fáceis...) de Bernardo Guimarães:
“Com grande desgosto dos povos da Arábia
Vieram os bonzos das partes do Além
Comendo presuntos, empadas de trigo,
Sem ter um vintém.
E os ratos vieram, trotando depressa,
E de espada na cinta, barrete na mão,
Prostraram-se ante eles, fazendo caretas
Com grã devoção.
E o filho dos ermos, dos montes rolando,
Puxou pela faca, de grande extensão,
Caiu como um cisne, que toca trombeta,
De ventas no chão.
E eu vi Napoleão,
Enquanto um mancebo, de nobre feição,
Brincava entre as pernas, do Rei Salomão.”
Trata-se, evidentemente, de uma composição burlesca, em que o tom grandiloquente e a sonoridade épica com notas de arcaísmo se contrapõem com as brincadeiras mais desencontradas. Nessa composição os elementos de coesão estão presentes e são corretos. O que falta, de todo, é a lógica, a coerência.
Outro exemplo: lembro de ter estudado, ainda no curso colegial (nos velhos tempos em que ainda se estudava filosofia com Lógica formal), a figura do sorites, que é o raciocínio encadeado, em que se sucedem as afirmações, todas coesas entre si, mas devendo o conjunto fazer sentido, para o sorites ser verdadeiro e não sofístico.
Exemplo de sorites verdadeiro é o da raposa da fábula, que hesita em atravessar um lago cuja superfície estava endurecida pelo frio: “Este regato faz barulho; o que faz barulho move-se; o que se move não está gelado; o que não está gelado não é sólido; o que não é sólido não pode aguentar-me; logo, este regato não pode aguentar-me”. Temos, aí, um sorites perfeito, contendo uma sequência de silogismos implícitos, em que há coesão das várias partes entre si, e há coerência no conjunto.
Vejamos agora um exemplo de falso sorites, em que há coesão, mas não há coerência:
“Os espanhóis têm imaginação ardente; quem tem imaginação ardente, exagera; quem exagera, falta com a verdade; quem falta com a verdade, mente; quem mente, peca; quem peca, vai para o Inferno; logo, os espanhóis vão para o Inferno”. Esse é um sorites sofístico, porque nele, pouco a pouco, os vocábulos e as ideias expressas vão, a cada frase, sendo tomados em sentidos mais amplos ou carregados, os conceitos vão sendo ampliados, de modo a sucessivamente mudarem totalmente de figura. E o resultado final é, obviamente, um non-sense. Nesse sorites, há coesão mas falta coerência.
Creio que, com esses exemplos, fica bem clara a distinção entre as duas coisas. É claro que, num texto, deve haver coesão, ou seja, os elementos conectivos, as conjunções, as expressões de ligação, as preposições etc., devem estar adequadamente colocadas. Mas deve haver também coerência, de modo a que o conjunto faça sentido, a que não haja contradições internas dentro desse conjunto, a que os termos sejam utilizados sempre com a mesma extensão de sentido.

Artigo publicado no jornal A TRIBUNA PIRACICABANA

Nenhum comentário:

Galeria Acadêmica

1-Alexandre Sarkis Neder - Cadeira n° 13 - Patrono: Dario Brasil
2- Maria Madalena t Tricanico de Carvalho Silveira- Cadeira n° 14 - Patrono: Branca Motta de Toledo Sachs
3-Antonio Carlos Fusatto - Cadeira n° 6 - Patrono: Nélio Ferraz de Arruda
4-Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso - Cadeira n° 15 - Patrono: Archimedes Dutra
5-Aracy Duarte Ferrari - Cadeira n° 16 - Patrono: José Mathias Bragion
6-Armando Alexandre dos Santos- Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
7-Barjas Negri - Cadeira no 5 - Patrono: Leandro Guerrini
8-Christina Aparecida Negro Silva - Cadeira n° 17 - Patrono: Virgínia Prata Gregolin
9-Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto - Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
10-Cássio Camilo Almeida de Negri - Cadeira n° 20 - Patrono: Benedito Evangelista da Costa
11- Antonio Filogênio de Paula Junior-Cadeira n° 12 - Patrono: Ricardo Ferraz de Arruda Pinto
12-Edson Rontani Júnior - Cadeira n° 18 - Patrono: Madalena Salatti de Almeida
13-Elda Nympha Cobra Silveira - Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior
14-Bianca Teresa de Oliveira Rosenthal - cadeira no 31 - Patrono Victorio Angelo Cobra
15-Evaldo Vicente - Cadeira n° 23 - Patrono: Leo Vaz
16-Lídia Varela Sendin - Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Netto
17-Shirley Brunelli Crestana- Cadeira n° 27 - Patrono: Salvador de Toledo Pisa Junior
18-Gregorio Marchiori Netto - Cadeira n° 28 - Patrono: Delfim Ferreira da Rocha Neto
19-Carmelina de Toledo Piza - Cadeira n° 29 - Patrono: Laudelina Cotrim de Castro
20-Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 - Patrono: Fernando Ferraz de Arruda
21-Jamil Nassif Abib (Mons.) - Cadeira n° 1 - Patrono: João Chiarini
22-João Baptista de Souza Negreiros Athayde - Cadeira n° 34 - Patrono: Adriano Nogueira
23-João Umberto Nassif - Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
24-Leda Coletti - Cadeira n° 36 - Patrono: Olívia Bianco
25-Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins - cadeira no 26 Patrono Nelson Camponês do Brasil
26-Maria Helena Vieira Aguiar Corazza - Cadeira n° 3 - Patrono: Luiz de Queiroz
27-Marisa Amábile Fillet Bueloni - cadeira no32 - Patrono Thales castanho de Andrade
28-Marly Therezinha Germano Perecin - Cadeira n° 2 - Patrona: Jaçanã Althair Pereira Guerrini
29-Mônica Aguiar Corazza Stefani - Cadeira n° 9 - Patrono: José Maria de Carvalho Ferreira
30-Myria Machado Botelho - Cadeira n° 24 - Patrono: Maria Cecília Machado Bonachela
31-Newman Ribeiro Simões - cadeira no 38 - Patrono Elias de Mello Ayres
32-Angela Maria Furlan – Cadeira n° 25 – Patrono: Francisco Lagreca
33-Paulo Celso Bassetti - Cadeira n° 39 - Patrono: José Luiz Guidotti
34-Raquel Delvaje - Cadeira no 40 - Patrono Barão de Rezende
35- Elisabete Jurema Bortolin - Cadeira n° 7 - Patrono: Helly de Campos Melges
36-Sílvia Regina de OLiveira - Cadeira no 22 - Patrono Erotides de Campos
37-Valdiza Maria Capranico - Cadeira no 4 - Patrono Haldumont Nobre Ferraz
38-Vitor Pires Vencovsky - Cadeira no 30 - Patrono Jorge Anéfalos
39-Waldemar Romano - Cadeira n° 11 - Patrono: Benedito de Andrade
40-Walter Naime - Cadeira no 37 - Patrono Sebastião Ferraz