Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 Patrono: Fernando Ferraz de Arruda |
Coelhinho branco dos olhos de fogo, ah! se tivesses o poder de realizar nossos sonhos... Se pudesses nos trazer a paz, tão branca como seu pêlo aveludado. Se pudesses nos presentear com o calor de uma amizade sincera, sem interesses, e nos dar a pura ingenuidade infantil.
Se tivesses o poder de trazer a esperança, consolo a quem perdeu uma pessoa querida, e paciência, muita paciência, para suportarmos a enxurrada de problemas.
Se pudesses fazer brotar um sorriso em todos os lábios, e a alegria, como uma primavera florindo em todos os corações.
Coelhinho do meu tempo de menina, se pudesses entoar baixinho, canções de amor que tocassem fundo a alma dos homens, para que eles, em vez de se digladiarem como irracionais nas odiosas guerras, assinassem tratados de paz.
Se pudesses trazer um ramalhete de rosas virtuais, que perfumassem o espírito das pessoas para que elas só praticassem atos de bondade.
Se pudesses trazer a verdadeira Justiça para a terra, aquela que não se compra e nem se vende e sacia a alma dos que dela têm sede.
Se pudesses trazer alívio às dores dos que estão sofrendo... Não somente as dores do corpo, causadas por doenças diversas, mas as mais terríveis e insuportáveis, as dores do espírito, que nenhum remédio tem o poder de curar.
Se tivesses o poder de acabar com a corrupção, com o suplício nas prisões, com as milhares de mortes de crianças inocentes causadas pela fome, por falta de vacinas, de remédios e do amor de uma família.
Se pudesses dar voz a quem não tem, e asas a quem não possui, mesmo que fossem asas fantasiosas.
Se fizesses tudo isso, terias o dom de operar milagres...Mas és apenas um mito, um bichinho assustado, vítima do selvagem bicho-homem. Tu és branco como a paz, mas tens medo das trevas do mal também.
Se tivesses o dom de trazer paz, alegria, solidariedade, união, paciência, tolerância, doçura, generosidade, respeito, humildade, honestidade, todas essas virtudes ultimamente tão esquecidas pelos seres humanos, reinaria a harmonia na Terra.
Coelhinho da Páscoa, o que trazes pra mim? Nem ovos, nem chocolate, nem a triste memória Daquele que foi pregado numa cruz de madeira num suplício sem fim. Apenas acordas meus sonhos...
2 comentários:
Querida Ivana,
Falamos tanto do Coelhinho, e tão pouco da Ressurreição (e olha a minha posição de fé nisso tudo, hein!); assim como falamos de presentes e não do Menino na Manjedoura...
Pobre Coelhinho... Puseram o fardo de ser o meigo bichinho que entrega ovos, cortam-lhe a pata para trazer sorte... sorte pra uns, azar para ele!
Gostei do seu texto, um dos menos "romanescos" que andei lendo por essas semanas sobre a Páscoa.
Com carinho,
E que sonhos bonitos, assim tão bem elaborados com essas letras inspiradoras !
Feliz Páscoa !
Postar um comentário