Myria Machado Botelho - cadeira no 24 |
Que mistérios serão os desse mundo?
Que incompreensíveis trocas serão essas?
Eu, que um dia sentei no teu regaço
Balbuciando ao te ouvir...
E na segurança de teus braços
Ensaiei meus primeiros pobres passos
E em ti me resguardei de tantas quedas!...
Eu que no teu exemplo fui crescendo
Sem notar os pesares que causava
Sem conceber as dores que sentias!...
Tu que tão grande e forte te fazias
Recebendo mesquinhas recompensas
Mascarando tristezas desenganos
Mudando sacrifícios em prazeres
Amor distribuindo e semeando...
Agora mamãe já estás velhinha!...
Agora eu te protejo...
E te ajudo a escutar a entender a falar...
E te apoio em meus braços nos passos vacilantes
E te ensino de novo e te conduzo
E procuro entender teu mundo enevoado
De lembranças de visões fugazes!
Debruçada no além e aqui fixada
No limiar da última aventura!...
Mamãe! Mamãe! Que sinas serão essas?
Que sentido haverá no teu sorriso
Sorriso que despede que transcende
E sereno te envolve iluminando o rosto?
É certo vais partir? E sempre me deixar
Para um dia também eu te encontrar?
Então mãezinha é isso a vida?
Esse eterno doar e pouco receber...
Essa roda incessante infinita incessante
Sempre a reluzir sempre a repetir:
“Amor! Amor! Amor!” eis tudo que deixaste!...
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