Já faz tanto tempo, mas lembro-me de
Dona Madalena Salati, uma mulher simples, muito culta, que escrevia muito bem,
muito viva e inteligente, esposa de um dos grandes poetas piracicabanos,
Benedito de Almeida Junior, de uma vontade ferrenha em ajudar o próximo, e, naquela
época que tento voltar ao passado, “assistir aquele montão de crianças”, não só
as carentes de família, como as abandonadas pela vida, e ela com aquele sorriso
precisando de tudo, desde o aluguel da casa (quando várias senhoras da cidade
se reuniam para resolver esse problema), como as necessidades de móveis, utensílios
domésticos, mantimentos e roupas, que não cansava de solicitar, no que era
graças a Deus atendida pelos comerciantes e pessoas de bem de nossa cidade. E,
lá ia Dona Madalena, mulher de fé, otimista pelos duros caminhos que a vida lhe
proporcionava em seus intentos. Daí, pela grande admiração que tive e tenho por
ela querer organizar detalhes e informações aos leitores para que, os que não a
conheceram a conheçam um pouco, e os que a conheceram, se lembrem desta pessoa
de tanta beleza interior, e assim, reverenciem esta mulher guerreira, despojada
de si, que apenas almejava uma vida melhor, mais justa e mais decente aos seus
pupilos carentes, criaturas de seu Deus que ela fazia conhecer em cada ato
generoso seu. Lembro-me de tantos problemas que lhe eram imputados em sua caminhada,
injustiças de muitas maneiras, como também recordo aquelas crianças sofridas,
agarradas às suas pernas ou querendo ficar aconchegadas em seu colo, naquele
seu corpo cansado que jamais desistia do seu amor, que começava muito cedo
todas as manhãs, e que não tinha hora da noite para terminar... E, quando
ficavam doentes então? A corrida aos médicos que geralmente a socorriam (eles
não eram tão estressados como nos dias de hoje e eram encontrados com mais
facilidade...), e atendiam seu chamado, sempre repletos de atenção, carinho e
admiração pela sua coragem, e lá iam eles ajudar com sua presença e remédios
necessários, aquela senhora que não tinha nem “tempo para se arrumar ou pensar
em si”, mas que era tão decente terna e incansável!
Dona Madalena nunca desistia dos seus
compromissos para com aquela “Casa”, que já era conhecida como “Casa do Bom
Menino”. Tinha um fôlego de muitas vidas e devia ter algumas pessoas que a
ajudavam, voluntários generosos, mas esses nomes, já não me lembro mais, apenas
recordo que ela estava sempre pronta, ao lado de quem aparecia e precisava, e,
“espiritualizada” como era, orando e orando, quem sabe, único recurso fácil
naquela enorme necessidade pela qual passavam as crianças e ela também. E,
agora quando fico sabendo que a “A Casa do Bom Menino” completa 50 anos de vida
voltei ao passado a fim de homenagear Dona Madalena Salati, desejando que esta
instituição (que sei, ainda luta muito e sofre até hoje pela concretização de
seus objetivos), continue perseverando firme e forte e muito solidária entre si,
no exemplo dessa Mulher pioneira que muito bem fez ao próximo, sobretudo, às
crianças, e nada jamais a desanimou! Possam vocês profissionais que tomam conta
desta “Obra de Caridade”, com novos incentivos e métodos modernos que a vida proporciona
(e quem sabe, com ajuda mais “compreensiva e significativa” de autoridades,
políticos e benfeitores...), levar sempre avante esse projeto, que começou com
grande penúria, incontáveis sacrifícios, mas com uma enorme responsabilidade,
garra e “amor ilimitado” em primeiro lugar!
Parabéns à diretoria atualmente
presidida pelo Dr. Guilherme M. de Melo, orientadores e funcionários da Casa do
Bom Menino, tão importante tanto para “seus residentes”, como também para nossa
tão querida terra de Piracicaba!
Parabéns,
abraços, e que Deus proteja e abençoe a todos!
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