Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 Patrono: Fernando Ferraz de Arruda |
Segundo o poeta Quintana, “viajar é
mudar a alma de casa”. Concordo e acrescento: viajar é arejar o espírito e ver
a História ao vivo e em cores.
Visitando as capitais imperiais no leste
europeu, nos extasiamos com as belezas, arte e cultura. Algumas cidades são
verdadeiros museus a céu aberto como Viena, Budapeste, Praga e Cracovia.
Varsóvia e Berlim, semidestruídas na guerra, foram reconstruídas, por isso
apesar de muito belas, possuem poucos monumentos originais.
Em Viena respira-se música. Ela está no
ar, nos bancos musicais das praças, nas caixas de bombons em forma de violinos
ou pianos, e também nas vaporosas echarpes e guarda-chuvas com estampas de
notas musicais.
Nessa encantadora cidade viveram grandes
compositores como Mozart, Chopin, Beethoven, Strauss Junior, Franz Schubert,
entre outros gênios da música clássica.
O centro histórico da cidade é
patrimônio mundial da humanidade, tombado pela UNESCO. Com mais de dois mil
anos de história, Viena é cortada pelo famoso rio Danúbio, imortalizado por
Strauss na valsa Danúbio Azul.
Esse rio, o maior da Europa, com 2.800
km de extensão, nasce na floresta negra da Alemanha e percorre inúmeras
capitais europeias. Fazer um cruzeiro em seu leito navegável é algo maravilhoso
e inesquecível.
A Ópera de Viena, fundada em 1869, é um
edifício suntuoso. Apresenta até dois espetáculos diários durante o ano
inteiro. Os teatros lotam e os ingressos para as temporadas chegam a ser
vendidos com um ano de antecedência.
As crianças são apresentadas à música
clássica desde tenra idade e levadas aos concertos. O estudo da música é
matéria obrigatória na grade de ensino das escolas. Quando adultas, essas
crianças, que cresceram acostumadas a ouvir e a entender o repertório clássico,
e que aprenderam a tocar instrumentos diversos, sentem necessidade da música,
hábito que as acompanhará pelo resto da vida.
O grupo dos “Meninos Cantores de Viena” é a mais antiga instituição
musical do mundo, fundado em 1498.
Outras artes também são amadas e
incentivadas. Centenas de companhias de balé, quartetos de cordas, cantores
líricos, se apresentam nas óperas, nos cafés, restaurantes típicos, nas praças
e nas igrejas.
Outra paixão do povo vienense é a
imperatriz Sissi, idolatrada desde a época em que reinou, e o encanto perdura
até hoje. Quem entra no maravilhoso castelo de Schonbrunn, pode participar um
pouco de sua história através dos quadros, roupas e objetos pessoais. Sua
beleza passou para a posteridade, sendo que era vaidosa ao extremo. Havia uma
balança em seu quarto onde ela se pesava várias vezes ao dia. Usava espartilho
de couro molhado, que ao secar, encolhia e apertava mais ainda. Tudo para
manter a cintura de 48 cm. Me decepcionei um pouco com seus retratos. Assisti
ao filme “Sissi, Imperatriz” e tinha a imagem da bela Romy Schneider no papel
da princesa. Mas a verdadeira não chega aos pés da atriz.
Uma curiosidade, na Áustria, mulheres
grávidas após parirem seus bebês, têm direito a licença de 2 anos, ganhando sem
trabalhar. E as empregadas domésticas, artigo raro, ganham perto de 3 mil euros
mensais (cerca de 9 mil reais).
Outra observação interessante, mendigos
tocam instrumentos musicais nas esquinas e praças para angariar moedas. Vi
vários tocando sax, flauta e até violino!
Esta foi uma leve e musical crônica
sobre Viena, na próxima abordarei Auchiwitz,
Polônia, e contarei minhas impressões sobre esse lado negro da história.
Um comentário:
Ivana, amei sua reportagem, fez-me recordar das histórias que minha mãe contava daquilo que os avós contavam a ela.Sua descrição minuciosa dos lugares, dos personagens que viveram e dos eventos e moradores atuais, foi tão bem detalhada que me senti em Viena.
Beijo da amiga Dirce.
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