Cássio Camilo Almeida de Negri Cadeira n° 20 - Patrono: Benedicto Evangelista da Costa |
O
diamante nascera do fogo, ungido em meio às lavas rubras e quentes, gerado no
magma do útero da mãe terra e ejaculadas pelo vulcão em erupção.
Após esfriar,
tornara-se apenas uma rocha sem brilho, cheia de arestas irregulares,
incrustada na encosta da íngreme montanha.
Com o passar dos séculos, fustigado pelos
ventos gelados e solapado pelas chuvas torrenciais, foi ficando cada vez mais
escurecido pelo cascão de sujeira que incorporava.
Alcançou o rio e, no seu leito, foi durante
milênios rolando, rolando, em direção ao oceano.
Nunca o
alcançou, mas rolou muito pelos riachos, afluentes e rios.
Quanto rolou,
quanto perdeu as arestas, até que se tornou igual a tantos outros bilhões de
pedregulhos a rolar, sem saber para onde ia, somente sabia rolar, como todos,
sem saber o porquê, de onde vinha, nem para onde ia.
Um dia, porém,
resolveu parar e ficou preso à beira do rio.
Muitos anos se
passaram, e ele ali, estático, embalado pela água fria, algumas vezes suja, algumas
vezes limpa, até que um dia foi içado do lodo e sentiu-se rodando num
torvelinho estonteante na bateia de um garimpeiro.
Fora achado,
escolhido para terrível e bela missão .
Quanto
sofrimento passou. Sentiu tirarem lascas de seu corpo, e a cada lasca que
perdia, após uma dor lancinante, percebia que uma luz brilhante o penetrava.
Após o
calvário da lapidação, toda sua casca suja, adquirida nos milênios de contacto
com a terra, fora retirada.
Polido,
pelas mãos do ourives, podia agora apreciar seu próprio brilho, refletindo a
luz solar.
Tornara-se um
diamante lapidado, um belo brilhante de muitos quilates.
Assim também é
nossa alma, que vinda do Todo se turva na experiência terrestre para, lapidada
pelas mãos do Criador, poder refletir a Luz Divina.
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