Lino Vitti Cadeira n° 37 - Patrono: Sebastião Ferraz
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O meu romance. Abri o meu romance.
Capítulo primeiro: a minha infância.
Reli tudo, reli lance por lance,
Cena por cena, na ânsia
De quem tenta agarrar uma coisa à
distância
Que já ficou atrás fora do seu alcance.
Cromos de sol, painéis enluarados,
Minúcia de paisagem infantil!
Abril, abril,
Com voos cruzados
De andorinhas nas tardes borradas de
anil.
O meu romance. Capítulo segundo:
Mocidade!
Sinto nessa leitura um sabor profundo,
Um gosto amargo, e, parece que me afundo
Num vácuo delicioso de ansiedade...
Capítulo segundo... Começo... Não
releio.
Tenho receio...
É reler, devagar, toda minha saudade!
O meu romance. Capítulo terceiro:
Velhice. Estão as páginas em branco.
Ainda nada escrito. Será cedo!?
Sairá este capítulo mais triste que o segundo
E que o primeiro?
E eu novamente tenho medo...
Tenho medo de principiar.
Cismo... Enraiveço-me... Depois, arranco,
Uma por uma, num grandioso gesto fútil,
Todas as folhas desse meu romance inútil.
O meu romance. Abri o meu romance.
Capítulo primeiro: a minha infância.
Reli tudo, reli lance por lance,
Cena por cena, na ânsia
De quem tenta agarrar uma coisa à
distância
Que já ficou atrás fora do seu alcance.
Cromos de sol, painéis enluarados,
Minúcia de paisagem infantil!
Abril, abril,
Com voos cruzados
De andorinhas nas tardes borradas de
anil.
O meu romance. Capítulo segundo:
Mocidade!
Sinto nessa leitura um sabor profundo,
Um gosto amargo, e, parece que me afundo
Num vácuo delicioso de ansiedade...
Capítulo segundo... Começo... Não
releio.
Tenho receio...
É reler, devagar, toda minha saudade!
O meu romance. Capítulo terceiro:
Velhice. Estão as páginas em branco.
Ainda nada escrito. Será cedo!?
Sairá este capítulo mais triste que o segundo
E que o primeiro?
E eu novamente tenho medo...
Tenho medo de principiar.
Cismo... Enraiveço-me... Depois, arranco,
Uma por uma, num grandioso gesto fútil,
Todas as folhas desse meu romance inútil.
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