Acadêmica Myria Machado Botelho Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella |
A
presença do pai, no seio da família representa a unidade e a estrutura, fatores
tão necessários ao desenvolvimento harmonioso dos filhos.
A crise que se
abate sobre a família, em virtude de grandes transformações sociais, afetou
grandemente este alicerce. A figura paterna, grande fator de agregação, precisa
impor-se novamente garantindo aos filhos o amor, a disciplina, o respeito e a
autoridade. Sobretudo o exemplo de uma boa conduta, muito mais convincente do
que a palavra e o aconselhamento.
A estabilidade
familiar está exigindo, com urgência, uma revisão de conceitos, ao lado de uma
transformação de atitudes no relacionamento entre pais e filhos. O excesso de
liberdade, uma característica da (des) educação moderna está fulminando os
principais fundamentos da verdadeira formação.
O
desenvolvimento de uma criança deve trazer embutido a função socializante de
lhe dar noções do certo e do errado, a observância dos limites do que pode e não fazer, ao lado da presença efetiva
e qualitativa dos pais nos momentos necessários.Uma soma de responsabilidades
que não pode ser excluída da missão do verdadeiro pai. Segurança, autenticidade,
formação e caráter não se adquirem da noite para o dia; agrados e compensações
com presentes materiais apenas, jamais substituem a presença necessária de um
pai amigo.
A ausência de
hoje será fatalmente o problema grave de amanhã, que deriva nos males comuns de
nossa época: alienação, depressão, condicionamento virtual, desregramentos,
prostituição e drogas.
Educar sempre
foi e será a tarefa mais difícil de pais e responsáveis. Neste terceiro milênio
dos avanços inacreditáveis e massificadores da tecnologia e da cibernética,
esqueceu-se de aparelhar o ser humano em sua estrutura interior, para bem
conviver com essa formidável potência que também pode aniquilar e destruir.
Os sentimentos
humanos e próximos, a espiritualidade e o conhecimento de Deus, opostos ao
egoísmo e ao comodismo, junto de uma valorização maior e um retorno a muitas
práticas antigas, eficazes e não retrógradas, válidas na essência em qualquer
época ou circunstância, poderão ser a garantia de um projeto de amor e
fraternidade a refletir-se sobre as novas gerações, carentes e frágeis
emocional e espiritualmente, em face das violentas transformações.
Aqueles que já
perderam seus pais, especialmente os das gerações mais antigas sentem-se
invadidos pela saudade de algo que já passou de forma irremediável e deveria
ser restituído. As condições materiais e os recursos de que dispomos hoje não
podem ser comparados com a vida de antes quando as dificuldades eram comuns a
quase todos. Por certo, no enfrentamento destas dificuldades, resultavam
têmperas mais fortes e capazes que definiam os ajustamentos e valorizavam muito
mais as conquistas e os desafios. A cultura excessiva do bem estar e das
facilidades extremas pode enfraquecer e até anular uma personalidade,
incapacitando-a para a luta e a competividade. O que se consegue “de mão
beijada’ e sem esforço não é devidamente valorizado, favorecendo o egoísmo de
quem o recebe, invertendo as posições ao ponto de entender que tudo lhe é
devido.
O modelo do
pai de família- símbolo da segurança, do exemplo a ser imitado, do respeito e
da proteção- esgarçou-se nas sociedades ocidentais, substituído por um clima
anêmico, de grande fragilidade espiritual e moral. As drogas, especialmente o
álcool, os desvios comportamentais, a falta de objetivos e de ideais, indicam
uma crise difusa e profunda, relacionada, em parte com a figura paterna. Do
pai, afetivamente distante e ausente da família, seja pela separação do casal,
seja pelo trabalho excessivo ou pelo desemprego, seja pelo despreparo e
ausência de vocação, ou por imaturidade, o fato é que essa abdicação paterna
vem influindo negativamente sobre o desenvolvimento harmonioso dos filhos,
gerando problemas de grandes proporções, de conflitos interiores que se
manifestam em gestos extremos de violência contra si próprios e contra os
outros.
Salvo exceções,
a maioria dos filhos de hoje se ressente dessa ausência de educação, de
formação e de assistência, de exemplos a serem
imitados. Entregues a si próprios
e a um isolamento perigoso e indisciplinado quanto aos deveres e às obrigações
e até `as modalidades do lazer saudável e necessário ao desenvolvimento físico e mental, o número de
desajustados se acentua,
e já se tornou uma problemática
dos tempos modernos.
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